quarta-feira, 29 de abril de 2015

Dia a dia de um marginal

Ônibus e metrô lotado na rua,
você não aguenta mais, 
mas fazer o que se a sentença é 
mas a culpa não é sua?
Tanto faz nublado, ensolarado,
não se vê mais a janela com o busão lotado
todos indo em troca de um trocado
e ainda é esculachado, com o atraso descontado
O ar é condicionado pra quem tem condição,
quem não tem respira o ar exalado do pulmão da multidão.
Calor humano que aquece o ódio e a intolerância,
tira a mao dai, 
empurra daqui, 
uma senhora caiu ali, 
"hey, cuidado com a criança aqui!"
Cuspido do trem, deu sorte é onde queria ir.

Pelas ruas só descaso

do gueto ao centro, 
é só lamento. 
Paredes rabiscadas, 
lixo espalhado, 
pessoas apressadas, 
olhares desconfiados.
Gritos de oferta, gritos de alerta. 
esgoto, bueiro, boca de lobo, poluição.
é pó, é pedra, é criança com saco de cola na mão
zumbi, engravatado, 
travesti, fardado.
Boteco, cachaça,
bebida barata, no gueto é o truque,
na madalena a cerveja é cara no food truck
Centenas de bancos na esquina, 
milhares de mendigos na surdina,
onde o fedor do dinheiro se une ao aroma da urina,
e a culpa minha porque fiz caridade, 
enquanto em Brasília, 
enganam com o bolsa família como sinal de boa vontade.

Professora com medo de aluno, 

escola formadora de gatuno, 
o ABC ensinado é com tinta no muro 
e a unidade de medida é com a farinha na balancinha.
A concordancia verbal é letal,
nao concordou, tchau.
A divisão é do baseado que passa de mao em mão,
a soma dos elementos visa a multiplicação da marginalização
que aprende a subtração
sentando o dedo
em quem aprendeu bem o apego
da matéria desde cedo
E na pratica
aprende-se biologia, matemática,
física e gramática,
com seus dialetos, 
errados e certos, 
reflexo do que se está por perto.

Segmentaram a saúde, ama, ame, UPA..

mas nem pra td o amor é a cura.
Despreparo, displicência,
ninguem escolhe a doença.
Da atendente falta empatia
quando fala que não há vaga,
porque há garantia
se quem precisa é sua tia.
Médico cubano, brasileiro, americano, 
não importa se o juramento estão honrando,
SUS ou convenio, não muda nada,
a saúde publica não pode ser negociada
Só processo, burocracia pra travar o procedimento
e sobrar mais tempo pra debaterem o assunto do momento
"Fulano tava em impedimento"
E geralmente é só nessa hora
que se bate o arrependimento
em que se vota,

Desarmonia, hipocrisia travestida de família,

cada um em seu lugar prontos para o jantar,
conversem logo, o jornal já vai começar
e de bucho cheio, mente programada, podem se levantar.
Pai pro quarto, mãe pra cozinha,
filho pra sala e enfim familia unida, 
todos juntos sob mesmo teto em cômodos diferentes
onde o dialogo é abortado com o jornal diariamente.
Mas quando a sequela bate,
logo se forma o debate,
sem saberem que ja era, ja chegaram tarde.

Criação católica, temente a Deus

que sequestra o livre árbitro dos seus, 
fazendo da fé escolhida
arma pra atingir quem não crê na fé parecida.
Um dia por semana, no castelo, cristão, 
no resto pisa em cima do irmão, deitado no papelão.
Que papelão, por preguiça se apegam na interpretação
de antigos testamentos 
que fazem do fiel um detento.

Dois pesos, duas medidas,

preconceito em tudo que dita vidas, 
papel que a mídia explora porque sabe que a maioria acredita.
Alienação dos seus ouvidos
em forma de prestação de serviço. 
Abraça quem quer, quem se ilude, acha normal,
Quem vê diferente é deprimente e anormal.
Quem ta feliz, um viva pro Brasil e sua farsa
Quem não ta, assista a palhaçada
e não se esqueça do rivotril legalizado ali na farmácia

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