quarta-feira, 29 de julho de 2015

Tendências

Desde pequenos somos bombardeados
Por conceitos herdados
Sobre o que é certo
Sobre o que é errado
E já na terceira ultrassom se define a cor do quarto:
Moleque, azul escuro
Menina, rosa claro

E assim, inocentemente
Se entra no consciente
Do ser inocente
que vai crescer crente
Que são cores que definem gente

Azul é de macho
Rosa é de mocinha
Branco é tudo fácil
Preto é chacina

Logo a publicidade entra em cena
Trazendo um grave problema
Pra quem não tem nem do ovo a gema
E geme pra que no final tenha
O que tem o ator de cinema

Na cultura do quanto mais, maior
Quanto mais novo, melhor
Uns escolhem o caminho pior
E depois querem culpar os menor!
Promovem a desgraça e não assumem o bo?

Sociedade tendenciosa
Meticulosa, perigosa
Manipuladora, venenosa
Desde cedo dando cores as pessoas
Que determinam o sexo,
se são ruins ou se nem são pessoas

Depois lança a isca
Pra ver quem se arrisca
A ser fisgado pela cobiça
Com a desculpa
De viver sem culpa, vida fácil, confortável
Acumulando lixo eletrônico descartável
Nem ai pro miserável
Enquanto passeia com seu carrão admirável

Sistema que tende
a ignorar o povo carente
Que só se faz presente
Em eleição pra presidente
Carência que tende
A violencia que tinge a gente
Com o vermelho sangue que é tendencia
De um governo que tende a incompetência.

Tendências...

Preto, pobre, favelado,
Branco, rico, universitário
Caminhos que tendem a se encontrar
Porque a ultima tendência é mãe chorar
Lagrimas que não tem cor
Assim como a dor
Que tende não passar
Independente de quem vai sangrar

Tendências...

terça-feira, 28 de julho de 2015

Mistérios do sono

Mais forte que qualquer valentão de academia
Se você tiver que enfrentá-lo durante o dia
Mais mortal que qualquer PM a noite na periferia
Se você estiver numa rodovia
Mas pode ser mais tranquilo que um monge budista
Se você tiver de boa com a vida

Misterioso como a noite que o acompanha
Pode ser pesado, leve
Só se ouve falar quando o perde
Nunca quando o ganha
Mistério é decifrar os sonhos
Se tem quem diz que nunca sonha

O sono é refúgio, esconderijo
Dormindo não choro, não sinto fome
Mas o sono também pode ser um martírio
Se os vermes da noite consome a consciência do homem

Problema pra quem sonha
Passar o dia imaginando o que foi aquela coisa estranha
Ou então se frustrar ao ter que acordar
Enquanto experimentava o que jamais poderá realizar
Sonho de quem mora na periferia é acordar, sair e poder voltar

Misterioso como o amanhã que antecede
Ninguém sabe o que nele acontece
Tem quem não o sente e padece
Desses males que o amanhã procede
Vitalidade que desaparece
Preguiça que aparece
Não dá pra entender, nem prever
O que no meio da noite acontece.

Sonhos, pesadelos,
Ilusão, desejos,
Amor, solidão
Descanso, agitação
Insônia, sono
É como se por um período,
Deixassemos de ser nosso dono
Vagando por ai perdidos
Nos mistérios do sono

sábado, 25 de julho de 2015

Mulheres negras

Um salve às guerreiras
Às índias e às negras
Matrizes verdadeiras
Do povo desta bandeira

Infelizmente sofreram muito
Para hoje sentirem orgulho
Foram abusadas, maltratadas
Chicoteadas e abandonadas
Mas sem as mães da África
Esse país não seria nada

Mulheres negras, do sangue preto
Até hoje sofrem com preconceito
Racismo velado pelo pais inteiro
Tentam encobrir a história vergonhosa
Fazendo do horror negro, um drama cor de rosa

Quantas mulheres negras seguem chorando
Socialmente escravizadas, apanhando
Esteticamente discriminadas, mais um filho velando

Mas mulher negra é guerreira
Cicatrizes no DNA que não é brincadeira
Orgulho negro que contagia
Cultura que contamina

Se ainda existe preconceito
Demorou, ela enfrenta, exige respeito
Ser negra é muito mais que ter os cabelo crespo
Ela batalha, ela vence, ela é desse jeito:
Mulher negra, mae de todos brasileiros

Mulher negra, exemplo pra nação inteira
E já que roubaram as riquezas do pais
Que troquem o amarelo pelo preto na bandeira
Corrigindo o passado, valorizando a raiz:

Mulheres negras....

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Crise Mundial

Olho ao meu redor
E o que vejo tá cada dia pior
Humanidade sequelada, só o pó
Esquecendo da esperança
Querendo condenar os menor
Enquanto os boys se acaba no doce com goró
Na quebrada a mulecada agoniza com loló

Assunto do momento
Crise, desemprego
Todo mundo preocupado
Pai de familia não tem jeito
Com os filho esfomeado, bate o desespero
Instinto animal despertado pelo dinheiro
E pelo real, se precisar
mata até o parceiro

A babilônia tá caindo
Se afundando em seu próprio consumismo
Crise mundial, puro cinismo
A crise é espiritual de cada indivíduo
Que não se enxerga a caminho do precipício
Seu espírito vagando pra vala dos esquecidos
Então, não deixe o seu Eu esquecido
Jah abençoa, capacita os escolhidos

É muita mentira sendo levada a serio
Pra pouca verdade sendo dita
Você é aquilo em que acredita
Livre arbítrio é o que determina
Se você é verdade ou mentira
Se você é ou não mais uma vítima
da crise material que seu ego extermina

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Câncer da Nação

Brasil, meu Brasil brasileiro
Onde quem se da bem é só empreiteiro
Motivo de orgulho do povo
É o jeitinho brasileiro
Corrupção gentil espalhada pelo pais inteiro
Passado de pai pra filho, desde pequeno
Onde a vergonha do passado preto
É motivo pra preconceito
Onde não há governo
Só quadrilha de safado de olho no seu dinheiro

E por aqui quem se fode
É sempre o mais pobre
Que mesmo quando pode
Depois é obrigado a dar calote
Quando a corda arrebenta
O lado mais fraco é que sofre
Tendo que desfazer,
Deixar de comer
Porque a inflação não para de crescer
Ao contrário do salario do emprego que logo irá perder

Brasil desigual até no clima
Chove pra caralho la em baixo
E a seca judiando lá em cima
E no meio, aquele chove não molha
Falta agua, represa evapora
No Morumbi a mesa é farta
Na periferia não tem nem agua
Abordagem policial segue escala de cores
Quanto mais escura, pior o show de horrores

Comece a rezar
A tendência é só piorar
Não é pessimismo
É realismo
E do jeito que a coisa tá
Só mesmo Jah pra nos salvar
Porque do homem nada mais pode se esperar

Brasil, meu Brasil brasileiro
Desigualdade que te consome por inteiro
Câncer da nação
Que destrói sonhos e realiza pesadelos
Brasil, país interesseiro
Terra de ninguém, tomada por mensaleiros

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Coração que ecoa

Escrevo por opção
Sem obrigação
Dando voz ao coração
Que ecoa através da visão
Distorcida do mundão
Onde cada cidadão
Se não age de arma na mão
Armados de ódio estão
Hostilidade é o pão
Se lambuza na refeição
Guiados pela televisão
Destrata o irmão
Em nome da religião
Achando que encontrou a salvação
Assim como quer o grande vilão
Enquanto uns sonham ser o grande chefão
Corpos caem no chão
Outros só bancam o valentão
De distintivo na mão
Pra aparecer na televisão
E trazer votos pra próxima eleição
Ordem e progresso é o lema da nação
Mas na pratica é mentira e corrupção
Que tira do povão
Cultura, lazer e educação
Sistema sem noção
População em ilusão
Sofrendo com a escravidão
Enquanto quem fica com o cifrão
É quem não suja a mão
Nem sofre na condução
E você que se mata pro patrão
Não vai ter nem pro caixão
Descartado como papelão
Vítima da própria condição
Por escolher a alienação
Deixando-se levar pela manipulação
Afundou no próprio chão
E limitou a visão
Abrindo mão da razão
Calando assim o vazio coração.

domingo, 19 de julho de 2015

Tempos de seca

Secou a fonte
Procuro mas já nao sei onde
No meio de tantos pensamentos
Tumultuados e jogados ao relento
A organização não é fácil
Da bagunça que não se vê, que não é tátil
Logo se percebe, se antecede
O vazio que precede a prece
De quem já morto por dentro
Se arrasta só pelo que aparece
Levado pelo vento soprado de quem não merece
Sequer uma gota que desce
Dos olhos de quem adoece
Como plantas que no solo seco apodrece

Falta de inspiração é foda
Virginiano depressivo perfeccionista se incomoda
E quanto mais vasculha a mente, menos se gosta
Do que se mostra
Desfocado, desconcentrado
Mente a milhão e eu aqui parado
Ta errado
Mas fazer o que se falta força
Pra sair da forca
Falar sem abrir a boca
Caçando letra em sopa
Mas entre a e z
Faltam letras pra dizer
Alguma coisa que faça voltar a chover
No jardim do escrever

sábado, 18 de julho de 2015

Rótulos

Somos rotulados,
Chega a uma certa idade e escolhemos nossos lados
Nossos estilos, partidos, convicções e ritmos
E as vezes esquecemos que tudo tem vários lados
E o resultado é um adulto fanático, bitolado

E deixamos de ver nas diferenças
Fechando os olhos com medo
De que se abrir ao novo é abrir mão de nossas crenças
E dai alimentamos o preconceito
Daquilo que se ao vermos direito
É tudo mais do mesmo
Indiferente em sua essência
Mas ignorado pela aparência
Do que parece não ser de sua preferência

Mas se abrir os olhos
Verá que o ritmo não define caráter
Mas a palavra diferencia o poeta
Daquilo que não presta
A conscientização é necessária
Nesse pais em situação tao precária
E ela vem em todas as áreas
Nos muros, no rock, no reggae,
no punk, no samba, na viola e no rap

Cada qual narrando sua realidade
Rimando a verdade
Mas pouco se presta atenção na letra
E sim na batida que é motivo pra treta
Entre quem levanta a mesma bandeira

Chegamos ao ponto de músicas serem aceitas
Ao serem lidas,
Verdadeiras poesias
Mas ao serem ouvidas
São ignoradas pela hipocrisia
Agua e óleo
Em comum: o ódio
Ao sistema, ao governo
À omissão do brasileiro
A culpa não é dos pagodeiro
Nem dos funkeiro

Na verdade o que todo mundo briga
É por um mundo melhor
Seja rap, rock ou hardcore
Onde não tenha nada que roube nossa brisa
E que só de amor se viva
E possa cantar
Letras sem sentido e melosas
Como todo sertanejo gosta
E que o funk ostentação
Não seja sonho pra parte da população
Fabricando desilusão e frustração
Pra quem não tem condição

Escute o que a música diz
Antes de pensar besteira
Foque na letra...
Sei que nos empurram apenas
As porqueira, que não diz nada
Mas isso eles fazem sem pena
De maneira pensada
Pra manter a massa controlada
Sacudindo a jaca
De mente alienada
Se matando entre si
Fique esperto pra não cair nessa cilada
Enquanto o mundo se acaba por aqui

Fogo na mentira
Que já começa nas cantigas
Desde cedo somos pegos pela armadilha,
Educados para ser mais um lobo da matilha
Na caça guiados pelo cheiro de carniça


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Uma dose

Suicídio químico travestido de tratamento,
o câncer da alma corroendo por dentro
enquanto um sorriso,
uma palavra alivia o momento.

Pra quem ta de fora,
passou da hora.
Mundo perfeito,
enquanto dura o efeito,
adequado a sociedade,
produtivo, prestativo, milagre!

Mas ninguém não ta nem ai se é nocivo,
afinal nao há motivo pra ser depressivo.
Trata-se do efeito e se esquecem da causa,
preocupados com a própria cauda
cria-se um exercito de alienação
enquanto muitos buscam salvação 
na compulsão
de ser aceito, incluído,
mais um escravo de espírito perdido
vagando com calma
onde tudo é vendido a preço da alma.

Acorda com um, dorme com outro,
pode soar mal
mas é o preço pra se parecer normal,
aceito,
livre dos preconceitos,
iludido e enganado,
iludindo e enganando.
Interagiu?
Produziu?
Então ta melhorando!

Você sorriu, a vida se fez bela,
mas não mudou nada
e você continua apanhando dela,
com a dose que ameniza
mas não cicatriza
o que não se sabe o que ainda será ferida.

'O tempo vai passar,
a fé vai curar,
reaja, só depende de você pra melhorar'.

Menosprezar, humilhar, aconselhar.
Te jogar no chão,
se sentir um vacilão.
Te destruir pra quando não se vê por onde ir,
cair na farsa
da farmácia
que trafica com CNPJ
do jeito que o CRM gosta.
A segunda droga mais consumida no mundo, é um absurdo!
O que sera de nós?
Se vende mais rivotril que hipoglos,
é que o conteúdo mental fornecido
é pior que o intestinal digerido.
Regulador de serotonina se vende como vitamina
e também no gueto em cada esquina.
A diferença é o imposto que se lucra com uma,
a outra é proibida e vem sem bula.
Alguma coisa acontece, obscura.
Esta acontecendo enquanto não se acha a cura.

Iluminados quem percebe,
que a camisa de força não veste,
mas já é logo apagado,
ridicularizado, humilhado,
ao tentar apontar o que esta errado,
é medicado,
dopado,
e tudo segue no mesmo esquadro.

Engrenagem que roda ao contrario danifica o maquinário
e o ajuste é necessário
antes que outras rumam pro mesmo lado
e se o sistema quebrar, aumenta tudo no mercado
e o pobre quem paga o pato
e esvazia o prato.

O mundo em colapso.
Depressão e ansiedade,
sao males necessários,
É o meteoro que extinguiu o dinossauro.
A evolução da espécie é necessária,
mas foi abortada,
a estrategia ja foi traçada:
Religião, politica, antidepressivo,
conforto, acomodação e ansiolitico.

O mundo se esvaindo, se esgotando,
mas se eu tiver sorrindo tudo bem, a sociedade ta gostando,
senão, sou eu que sou estranho.
A culpa é minha se seu estilo de vida me causa pânico.

Falsidade
move a vaidade
da ambição que não entra no caixão, mas apodrece
junto com o homem que só é a roupa que veste,
projetado apenas para fazer fezes,
pro ciclo da vida que segue.
Resta a espera que a raça seja extinta um dia
e surja uma nova mais evoluida
pra reerguer a parte que foi destruída: individualidade.

Que foi desmerecida,
adestrada e esquecida,
enquanto a coletividade é valorizada
e incentivada.
Você é parte do todo,
do todo que por você não faz nada.

Faz sentido se abster em troca do coletivo?
Você adoece, fica mal, fica  só o curativo.
O que importa no final é que esta tudo normal.
Somos todos soldados travestidos de vaidade
Lutando até o último suspiro
Contra o vampiro da sociedade
Que te suga e te cega a ver apenas seu próprio umbigo.
Fazendo de nós todos um único inimigo.

Ajuste de dose, psicose...


quinta-feira, 16 de julho de 2015

No boteco da vila

No boteco da vila
Sete da manhã já tem fila
Antes mesmo do bom dia
Os tio já engole a primeira pinga

Tem os que dali seguem seu rumo
Outros que ali acharam seu rumo
Tem os sem futuro
E os que adoram fazer barulho

Na jukebox o brega predomina
A trilha sonora do boteco da vila
Todo dia é uma festa
Entre amigos que se ama e se destesta

E todo dia a mesma conversa
De como era quando chegaram nesta terra
Da infância sofrida de outras épocas
E que a saudade é a pior das feras

O Brasil todo se encontra ali
Ceará, bahia, Pernambuco, Piauí
Ate índio cola por aqui
No boteco da vila a conversa não tem fim

Central de noticias da quebrada
Quem ganhou no bicho, quem foi preso
Quem dormiu na rua, quem fez cagada
É só colar lá que a pessoa sai informada

E o dia inteiro,
entre a turma da 51
e do velho barreiro
Há movimento
Com limão, sem limão
Não tem jeito,
as vezes um não guenta
E vai pro chão

No boteco da vila
Se forma uma família
Um por todos, todos pela pinga
Mas amigos, amigos, negócios a parte
Então respeite a placa:
'Fiado só no dia de são nunca a tarde'

Amanhã é outro dia
E a mesma rotina
7 da manhã já tem fila
Na porta do boteco da vila

'Todo mundo vê as pinga que eu tomo
Mas não vê os tombo que eu levo'

quarta-feira, 15 de julho de 2015

O Poste

Em cima a lampada queimada
Resultado da gambiarra
Da concessionária
Que cobra caro e oferece um serviço que não vale nada
Uma montueira de fio pendurado
É um dois pra morrer eletrocutado
Mesmo assim seu João não tem escolha e faz o gato
Tomar banho gelado nesse frio, nem fudendo
Agora o barraco tem luz, ta vendo?
Esperar pelo governo, bandeira vermelha, mó veneno...

No meio do poste, o cartaz:
'Compra-se ouro'
Não sei, já acho que é tiração demais
Quem hoje em dia na periferia
Acumula jóias, tesouro?
Parece mais uma hipnose,
Poste após poste
Enquanto o peão vai trabalhar
Penetra na mente, ta ligado?
'Compra-se ouro', 'compra-se ouro'
Pique aquele comercial de chocolate do passado
Aflorando a ganância dourada
De quem só consegue sobreviver catando lata

E no pé do poste, uma mochila
Restos de comida, garrafa de pinga
Um senhor a míngua
Sem ninguém, sem família
Dependendo da ajuda dos outros
Sem luz, sem ouro
Mas daquele poste é o dono
Nem cachorro mija ali se ele não deixar
E ai de quem o incomodar
Mandaram buscar a luz e ali ele está
Mesmo com o poste apagado
A luz um dia chegará
Praquele que entre tantos postes
Escolheu aquele como lar

terça-feira, 14 de julho de 2015

Super Vizinho

É tanto imóvel vazio abandonado
Um festival de placas de imobiliárias
Prédios pichados, acabados
E milhões vivendo de forma precária
Sem teto, sem casa, desabrigados.
Algo está errado,
Ou no mínimo, mal planejado, administrado
Porque quando o povo se movimenta
A PM desce a lenha
Defendendo terras alheias
De novas aldeias.
E assim a guerra se sustenta
Entre quem quer morar
E quem só quer lucrar
E no meio disso tudo
quem deveria organizar:
Estado omisso, inoperante
Joga sua cavalaria contra o povo ignorante
Alegrando os latifundiários urbanos
Fabricando revoltados suburbanos
Empurrando famílias sem paredes
A virarem invisíveis tapetes
Pisoteados e ignorados
Por quem anda apressado
Correndo atrás de um trabalho
Porque o aluguel já está atrasado
E não quer se ver no chão
E uma placa em seu portão
O estado assiste tudo de seu palácio:
O povo cumprindo seu dever de palhaço
Enquanto seu direito a moradia é ignorado.
Sorrisos largos, fartos
de empreiteiros e construtores safados
Lagrimas contínuas e lamentos
Da mãe que não tem um lugar digno
pra criar o seu rebento


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Dia de Comemorar

Vinte e cinco anos do estatuto
Se fosse criança, hoje já seria adulto
Pouca coisa mudou e tem vários do outro lado do muro
Só esperando pelo próximo indulto
A maioria preta, pobre e sem estudo

Porque pouca coisa mudou
Nossos direitos no papel ficou
Direito a educação de boa qualidade
Só se for pro lado nobre da cidade
Porque na periferia ano letivo é calamidade
E desde pequenos as crianças aprendem o que é desigualdade
Não pela matéria da grade curricular
Mas pelo material que ele não pode comprar.

E o que aconteceu com o direito
ao acesso a cultura e informação?
Se só o que nos empurram é rebolar até o chão
Com informações manipuladas
pelo que passa na televisão?
Nos informam o que acontecem no Afeganistão
E nos escondem o que roubam da nação.

Direito a uma boa alimentação é piada
É só comida industrializada
Fim de feira, dá briga pela fruta estragada
E no gueto a barriga dói por não ter nada
Criança fica doente, vai pro posto e não tem pediatra
Direito a saúde também é conversa fiada

Com muitos pais explorados no dia a dia
Saem cedo, chegam tarde, nem vêem suas cria
Mas ta escrito, direito a família.

E depois vem, o direito mais irônico:
"Não sofrer agressões físicas e psicológicas"
vivendo nesse mundo babilônico
As agressões são socio-económicas
começando com os pais vivendo nesse mundo louco
pra garantir um minimo de conforto
Mas como cresce com essa estrutura que o Estado oferece?

Escola sem professor, sem merenda
Sem cultura e medico que lhe atenda
Aí o crime atenta
É quando o esquema entra em cena:
menor de arma na mão.
Quero que você entenda
quando uma criança vira vilão

O estado só condena
Pra mostrar no Datena
Iludir e jogar o povo contra o povo
Propondo redução da idade penal
Pra ganhar eleição de novo.
Mas deixa o menorcídio pra lá
o assunto é outro
É dia de aniversário vamo comemorar
O ECA chegou a idade
a que muitas crianças não vão chegar.


domingo, 12 de julho de 2015

Idade da Pedra

Numa pequena faixa de céu azul estrelado
Rabisco o sofrimento
De quem vive aprisionado
Dentro do próprio ser, incomodado
Ao ver ao redor o que sobrou do teu lado:
É parede, pedra, prédio, chão asfaltado

Procura-se um pouco do verde
Pra respirar, se conectar
Mas virou crime e foi exterminado
E nós todos condenados
A tragar a fuligem dos carros
Evacuando metais pesados
no trânsito parado
Causando câncer em quem habita em barraco
E também em condomínio caro
O que deixa claro,
Nessa noite de céu estrelado
Que apenas o mal é democrático

Mas todos ficam estáticos
De nariz empinado
Sem olhar para o lado
Com a certeza de que não faz nada errado
E se espanta quando o cano bate
no vidro do seu carro importado
Achando que tava ileso ao social atordoado
De escola vazia e presidio lotado
De árvores caindo e edifícios altos
O sol já não bate mais em todos os lados
Fazendo dos humanos frios e chatos
Vivendo no automático
Racional robotizado
Nem ai pro real aprendizado
Somente interessado
No que tem valor de mercado

É só cimento, concreto, muro alto
Perco o ar, fico angustiado
Ao notar que por futuras ruínas
e destroços estou rodeado
Idade da pedra já não se refere mais ao passado
é o presente e o futuro
de quem só pisa em chão cimentado

É sonhar acordado
Com um mundo mais esverdeado
Com humanos e natureza conectados
Respeito mútuo, espiritualizados
Todos com comida no prato
No inverno, agasalhados
E com o coração ocupado
Repleto de bem, amando e sendo amado
Revertendo todo esse quadro
De desunião e relaxo
De humanos abandonados
Pela ganancia e consumismo alienados
Vivendo cada vez mais trancados
Como animais enjaulados
Com medo da própria raça?
Algo está errado.
O fim já pode ter sido iniciado
Enquanto você corre pro mercado
abastecer o armário
eu vou pro fundo, saio do raso
pra estar um pouco mais preparado
pra quando for feito o chamado!

sábado, 11 de julho de 2015

Em terra de cegos

Do avesso eu verso diversos
caminhos, rumos, acessos
E peco pelos excessos
Por ver demais em meio a tantos cegos
Mas longe disso me fazer um rei
De tanto bobo da corte, me cansei
E hoje eu sei
Que de pão e circo enjooei
Agora sente o peso da coroa do rei que cai
Com o verso pesado como espada de samurai
Que entra pelo seus olhos e provoca até soluço
Por isso a reação normal é me taxar de maluco
Mas que se foda o que vão pensar
O importante é o que tenho pra falar
Mesmo sabendo que nada vai mudar
Não posso mais guardar
E no fundo você sabe, só não quer acreditar
se enche de tarefas e atividades
Por estar vazio de espiritualidade
E o sistema te faz acreditar
'Cabeça vazia, oficina do diabo'
Mas você não vê,
O diabo pode ser
a versão livre de você
Porque precisamos de tempo
Para nos escutar, nos conhecer
nos libertar e buscar o autoconhecimento
Por isso a preocupação
O descaso com a educação
Pouca liberdade e tanta proibição
Já que povo informado
Esclarecido, inteligente
e Espiritualizado é auto-suficiente
Problema pra muita gente
Que nos vende
A imagem de um pais emergente
Mas que esta cheio de mendigo morrendo como indigente
Humanidade decadente
Que vê a verdade mas não sente
Vivendo descrente
Em desacordo com o próprio inconsciente

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Consciência

Uma caixa de surpresa é a nossa consciência
Um mistério até hoje pra mais avançada ciência
E um tormento pra quem não a usou com sapiência
E um alento pra que fez da sua, a diferença.

Desde pequenos somos expostos
A moldar-se conforme com o que é imposto
Silenciando e ignorando nossas exigências
Abrindo mão de nossa consciência
Pra ganhar sobrevida nesse jogo de aparência

Cada vez mais se busca a fuga do caos
Da realidade que te faz mal
Em busca do sonho que foi abandonado
Comprado por quem quer te ver controlado

E ai enche a cara de álcool, entope o nariz
Pra ter desculpa de ser quem sempre quis
E fazer merda descontrolado
Desrespeitando ou matando quem ta do lado.

A expansão da consciência plena é necessária
o autoconhecimento é a única arma capaz
De vencer o inimigo sagaz
Que só te passa pra trás,
Vendendo cirrose e morte como passaporte
Para que relaxe e se porte
Cada vez mais grogue
Pra insinuar que inconsciente
Você não pode ficar
Da ressaca, multa...
e uma euforia que não é sua
Então, divirta-se e volte na segunda

Mas a felicidade só é completa,
quando experimentamos a mente aberta
Tudo a sua volta como um todo, você por inteiro
Os sentidos a flor da pele
o sorriso surge sereno, verdadeiro
A percepção profunda do que nos rodeia
A visão que vê alem,
quem não tem,
incomoda, desnorteia

Deus provê a ferramenta
Silêncio, música, família
Fé, espiritualidade, eu
Natureza, cabeça feita
Consciência

Paz de espírito que me faz rico
e alheio a qualquer interferência
e como eu sempre digo
em sintonia com a consciência
a cura, é estar bem consigo

Se conhecer e perceber o mundo a sua volta
nos seus mínimos detalhes
saber que o que vai, volta
e que o Eu é a solução para todos os males.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Alimente sua revolta

Aqui quem fala é mais um doente
que não anda nada contente
O descaso é diário, não é de repente
suícidios diários detonando nossa gente
O bagulho é doido, me faz descrente
é desumano o que fazem com nossa mente
oprimindo um dia a dia deprimente
com tanto "faça isso e não aquilo" não tem louco que aguente
na favela o estado é ausente
mas o consumo chega pela tela quente
arma branca de um sistema inconsequente
corrompendo nossa infancia inocente
e perventendo nossos adolescentes
O perigo é eminente
a cada esquina fábrica de dependente
o que sobra pro pobre é ser servente
enquanto o rico vive sorridente
as lagrimas na quebrada se transforma em enchente
que arrasta barraco, mas pra eles é só um acidente
o que nos resta nunca é suficiente
mas mesmo assim somos valentes
acordamos cedo e pegamos no batente
levamos essa vida indecente
para morrermos como indigentes
nas mãos desses porcos incompetentes
mas ainda sou um sobrevivente
buscado a cada dia a revolta que me alimente

Na contramão

Na contramão do que se é exigido
Assim vou me guiando, não importa o sentido
Se você ta voltando, eu to indo
E vice versa
Na moral, na manha, sem pressa

Por escolher ir contra, o caminho é mais difícil
É minha, a responsabilidade do desvio
Pra se evitar o conflito
Com a maioria que escolheu outro caminho

E por isso, as vezes me pergunto
Porque não aproveitar e ir junto?
Sem ter que desviar
Se deixar levar
E ver onde vai parar
Até quando insistir em contrariar?

Vale a angústia, vale a pena sofrer?
enquanto você olha pra fora atrás do que deve ter,
Eu olho pra dentro, buscando o que eu devo ser!
Enquanto eu sentir, a pena vai valer
Porque estarei vivo, diferente de você

Então sigo contra o fluxo
Vocês buscam o raso, eu vou pro-fundo
Auto-conhecimento é luxo
Numa sociedade onde todos se fazem de cegos, surdos e mudos

Trilhando caminhos expressos que os levam ao nada
Vou na contramão, desviando a cada trombada
Assim é minha estrada, livre e esburacada
Cheia de paradas
Pra abastecer o estoque de vivências
Alimentando-se de experiências

Ao contrário da sua que é toda asfaltada, sinalizada
E com tanta gente a caminho do nada
Fica congestionada
E você andando sem sair do lugar
E eu viajando parado tentando me encontrar

Leia também: A Estrada


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Racionais

A humanidade caminha para a sua propria destruição
é o que mais me preocupa é o que está nos levando à extinção
O que nos foi providencial em toda a evolução
chegou ao extremo e estamos em regressão

O homem acha que reina o universo por ser racional
fez o fogo, a roda, o dinheiro e a bomba atômica e se acha o tal
O conhecimento é enlatado,
comercializado e manipulado,
assim como sua alimentação transgênica que se vende no mercado

E assim causa a si mesmo doenças
para que lucre a ciência
com suas drogas cada vez mais eficientes
pra humanidade cada vez mais doente

Dominou as águas, represando-as transformando em energia
que impulsiona o consumo.
O consumo aumentou,
hoje as torneiras estão vazias
e cada semana mais cara fica a energia.

Ser racional é pagar pelo que se já tem.
É morrer ao invés de viver.
O homem moderno tem a cara limpa e o caráter sujo.
Reflexo da evolução do ter.

A inteligencia segrega,
Já o instinto que nos leva
é animal, irracional,
fraternal e imortal.

A inteligencia é relativa,
o instinto é quem domina.
Antes fossemos "burros", como as aves,
os peixes e a todos os irracionais,
que não tem nada, além de todo um mundo para desbravar,
livres da corrente da ignorância
que tem como seus elos a inteligencia de ser racional, para se amarrar.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Lado B do Brasil

Mais um moleque nasce na quebrada
Já predestinado a ser um nada
Seu pai porteiro, sua mãe limpa privada
Moleque cresce solto
Vai pra escola e é aula vaga,
Volta pra rua, porque lazer é muito pouco
O trafico ilude, deslumbra e alicia
Ele pensa em seus pais e não hesita
E lá se vai mais um futuro da nação
Morrer na mão da policia.

Apresento-lhe o lado b
Que muitos fingem que não vê
Não é por acaso essa vulnerabilidade social
Favelado geneticamente predisposto a fazer o mal?
Isso é o que passam no jornal
Mas é fácil fazer as contas
Só fazer a proporção entre o numero de pobres,
Das classes z até a c,
Com as mais nobres.
Nesse mundo desigual não é difícil
Separar o pobre do rico
Então faça a proporção
e como fica a porcentagem de bandidos?
Qual é maior entre pobres e ricos?
Enfim, tudo é esquematizado pra que nada se altere
O pobre morre cedo, o rico envelhece...

São décadas de esquemas
Pulseira de pobre é algema
Governo é apelido
Pro esquema que é exercido
Independente de partido
É máquina de genocídio
Tudo pensado pro extermínio
Lobistas, farmacêuticas, industria das armas
E todas as ações táticas arquitetadas
para que a maioria se torne sociopata
Enquanto a minoria brinda com sangue do povo que se mata
Baixo investimento na saúde e educação não é a toa
Controlar a violência?
país em paz, não é coisa boa
Como justificar a necessidade da PM
Se com ela nosso cofre também se enche?
Alem de ser o braço armado
contra essa gente de maneira tão eficaz
Acabar com o trafico? Jamais!
Melhor um favelado a menos
Do que um militante a mais
Enchendo o saco da gente,
Ate que já tem demais
Então bala de borracha, bomba de gás
Controle populacional social
Um ciclo de desperdício
Uma criança cometer homicídio
É a humanidade cometendo suicídio

Então deixa assim como tá
Roubando dinheiro pra nosso futuro enterrar
E se der condição?
Vai que o povo passa a ter noção
E um dia chegue a nossa posição
Reivindicando seus direitos
E exigindo respeito?
Não....não pode
Eles tem que saber que pobre só se fode
Enquanto agente leva o nosso
Eles lotam os pagodes
Cadeia lotada é negócio
Moeda de troca com nossos sócios
Regalias ali, propinas por aqui
E pra uns cadeia cheia
É vitoria contra o crime
Publicidade eleitoral, imagine
Então pra que escola?
O lucro do desvio da merenda
Não vale a pena
Não vale o custo benefício
Já pensou se sai de lá mais um meritíssimo?
Então vamos aprovar o menorcidio
Só pra ver os indicadores criminais melhorarem
Agora prendo e quero ver o conselho vim soltar,
E com tanta arma e droga que soltamos no mundo
O tráfico que faz o serviço sujo
Pra justificar que a policia meta a bala
em mais um muleque sem futuro.

Mais um moleque nasce na quebrada
Já predestinado a ser um nada...

Trilhos


De manha bem cedo,
Metro lotado, a caminho do centro
Cada qual com seus tormentos
Uns riem, uns dormem
Outros fecham a cara, deve ser fome
Tem gente com e sem blusa
Cada um vivendo em sua temperatura
Tem os mais frios e os mais quentes
Afinal somos iguais, porém diferentes

Uns rumam pro trabalho    
Ruminar pra poder comprar a ração no mercado
Outros vão estudar, se aperfeiçoar
Na esperança de amanha ter mais pra gastar
Uns vão buscar, outros vão levar
E nessas sempre tem quem esquece alguma a coisa nesse lugar
É fácil quando o difícil é sair do celular...

Tem quem vai ao médico,
Cuidar da saúde, se tratar
E infelizmente tem quem vai pro hospital visitar
Um parente, um ente que ta mal, se pá, terminal
Mas tem também quem só vai passear
Uns vão pra roubar, é só você vacilar
E falar em vacilo tem quem da estação vai passar
Por cochilar fingindo pra não deixar a senhora sentar

E de estação em estação é mó entra e sai
É nessas horas que vejo que são Paulo tem gente pra carai
Entre eles os ambulantes se camuflando dos vigilantes
E dos olhares desconfiados
De cada viajante
E tem eu, observante
Que escrevi bastante
E tenho que descer
A minha viagem acaba por aqui
Estação são Joaquim
Mas o metro vai e volta, incessante
Assim como os sentimentos circulantes
Amor, tristeza, angústia
Em qual estação você está nesse instante?
Paraíso, saúde, liberdade?
A Guilhermina ainda tem esperança?
A Ana continua rosa ou perdeu para o cinza?
Nessa cidade ranzinza
O trem é você quem conduz
Seja pra consolação ou pra luz...

domingo, 5 de julho de 2015

Um dia frio



Bom dia frio pra você que tem opção
Passar o dia vendo televisão
Enrolado no Edredom
Tomando um chocolate quente
Se lamentando por amanhã ter que pegar no batente

'Porra, vou ter que sair do quentinho'
Escolher uma entre tantas blusas rapidinho
E voltar pro aconchego e dormir tranquilo
Depois de um banho quente demorado
E com o aquecedor no quarto ligado
Amanhã, é dia de trabalho

Amanhã é dia de você passar por cima
De quem passou o domingo com hipotermia
Sem colchão, sem cobertor, sem Edredom
Só com um corote, cigarro e um pedaço de papelão
Tendo apenas a companhia
da garoa fina
que molha e congela a alma
De quem só discrimina

São poucas as almas boas
Que se preocupam com as pesssoas
e doam roupa, coberta, sopa
Mas nem todos dá pra ajudar,
Se o governo não ta nem ai
Pra quem não vai votar

Resta pedir a Deus a abençoar?
Acho que não.
Resta deixar o Deus que vive em nós se manifestar
Olhar no nosso conforto,
na nossa abundância
O que nos sobra,
fruto de nossa ganância
E pregar o desapego
Passar pro outro o que não nos serve mais,
independente do preço
Amanha você compra outro com seu emprego
Mas você tem a chance de salvar duas vidas
a sua e a de quem ainda precisa
aquecendo um irmão, aquecemos nosso coração
E fazemos de nossa vida, um pouco mais merecida.


Acredito que a mudança deva partir de nós, já que o Estado como um todo não se preocupa, a não ser com a qualidade do papel que limpa a própria bunda, se é estampada por onça ou por garoupa. Então, como experiencia própria, aconselho que saia às ruas entregando pessoalmente (um par de meia já vale), a gratidão de quem recebe não tem preço, além do bem que se faz para a alma. Você sabe onde ir, o que fazer, perca o medo de se fazer o bem. São pessoas, são humanos, não mordem e tem muito a nos ensinarem.
Não há desculpa, para uns terem tanto e outros nada.
Mas como cada um é cada um, o que importa é atenção/intenção do ato.
Caso prefira um contato mais frio, o que soa irônico dentro da proposta, leve a algum ponto de coleta, igreja, escolas, mercados, etc, sem a garantia de que irá chegar a quem realmente precisa.
Abaixo o link da campanha de quem prefere passar a responsabilidade pra população nesta época do ano, ao invés de dar atenção e abrigo a essa população tão carente que sofre todo ano e não é só como o frio:
Campanha do Agasalho

sábado, 4 de julho de 2015

Pedaço de melancia

Hoje eu acordei carrancudo, acinzentado
Pique o tempo lá fora, todo nublado
Afugentando e descontando em quem com o sol é lado a lado
Ai, o tempo fecha
Sinto muito se as vezes dou essas brechas
Mas logo cedo no café, antes mesmo do bom dia
Um recado de Deus de que se é preciso de alegria
E ele se manifesta em tudo, você acredita?
Hoje foi num pedaço de melancia
Que curiosamente pra mim ela sorria
E eu, vejo hoje o que antes eu não via
E notei como somos parecidos
Por fora cascadura, pesado e esquisito
Por dentro vermelho, com semente e puro líquido
Saborosos e macios
E por dentro sempre um sorriso
Basta saber onde notar
A armadura cortar
E deixar-se mostrar
E reinar
O sol-riso brilhar
Independente das nuvens que nos impedem de olhar
Que nascemos pra sorrir e amar
Porque onde reina o amor,
Não há espaço pro mal humor.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Pensar

Pensar é bom, pensar de mais é problema
Problema sem solução que logo vira dilema
Pensar em tudo, no agora, no futuro
Visão alem do alcance, Tipo olho de tandera
De longe se liga no lance, e vê que a humanidade já era
Pensando, me faz pensar
Em querer menos pensar
Porque pensar é bom, mas pensar demais é problema
Problema que logo vira dilema
Pensar, não pensar
Ser ou não ser?
Ser ou ter?
Pensar e ser
Ou ser sem pensar?
Sei lá...
Deixa eu pensar
Porque pensar é bom, pensar demais é problema
Pensar é padrão, pensar demais é reflexão
Pensar é fazer graça, pensar demais é enchergar a situação
Pensar é bom, é alegria. Pensar demais, é tristeza, agonia
Pensar é bom, pensar demais é problema
Pensar é achar que se encontrou, pensar demais é buscar o que há no interior.
Pensar é obrigatório, pensar demais é purgatório
Pensar, pensar demais...
Se contentar ou ir atrás
Já não sei mais
Eis o dilema.
Preciso pensar...
Prevejo problemas...

Fala, Criolo:


"Sensação de pertencimento e identidade, quanto mais agente sente, mais agente sofre, porque mais agente se revolta em perceber as desigualdades"
(...)
"Então você vê o menino que mora na rua, você o resgata e ele fala: 'Tá, você resgatou pra que? Pra eu voltar pra qual mundo? Esse que eu to fugindo e você não teve coragem de fugir? Que você é um covarde, que você vive dentro do que tá posto?"

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Menorcídio

Menorcídio até não restar mais nenhum adulto...
solução de povo burro,
sem escrúpulo
puno, não educo,
e o que sobra é um bando de velho roubando com imunidade
enquanto o futuro se evade atrás das grades
É fácil falar quem sempre teve condição
Mas ta na hora de ouvir
quem desde cedo convive com a frustração

Quem vai pra escola e aula não tem
Vai no posto, doente, e medico não tem também.
Longe do Ibirapuera, aclimação, juventude...
Na quebrada não tem parque,
diversão era bolinha de gude,
Agora a disputa é ver quem é mais rude

Controle populacional,
Limpeza social,
Na cadeia, mofa o pobre, preto, favelado
Enquanto na rua sobra os boys
matando com seus carro importado

Jovem periférico já nasce fadado ao mal,
Ou vai preso, morto, ou passa na federal.
Opa, alguma coisa deu errado!
"Como assim deixamos entrar aqui esse  favelado?"
E se do capão, vai estudar na América
É noticia de jornal, vira matéria
Assim como o lixeiro que manda a ideia
Pregando o respeito aos professores
E que a solução é a educação que ele nunca teve,
Foi parar na tv, sucesso na rede

Porque pobre não pode ter consciência
E estudante de periferia
Nem poder saber o que é ciência
Preconceito mascarado
Fala que somos iguais e apontam como exemplo,
aquele que do plano deles deu errado

A prova esta aí
Que lotem ainda mais as cadeias,
Das escolas, vazias ficam as cadeiras,
E assim fica todo mundo contente
Do datena ao Rezende
Afinal, professores, não era isso que vocês queriam?
menos alunos por sala?
Então assim resolve a bancada da bala
Levando o dela pela construção
De mais presídios e mais corrupção

No futuro, sem mais surpresa, exceção
Chega de favelado usando beca,
Estatuto da criança e adolescente, ECA
Favelado com diplomado rima,
mas é horrível a fonética
Que o do capão sirva de exemplo
Pra não se cometer o mesmo erro
E as mães do gueto em desespero
Por saber que qualquer tropeço
É pretexto pro seu filho morrer preso
Vítima do despreparo e do desprezo
De tantos governos
Do azul ao vermelho
Que largaram seu povo a esmo
Para se matarem a si mesmo
Enquanto contratos são feitos
Roubando o brasileiro.

Menorcídio em troca de dissídio
É a solução dos bandido
Pra deixar o rico tranquilo
Mas veremos quando o infrator for o seu filho!

Pragmatismo

Certo dia desses fui aconselhado
Tentar ser um pouco mais equilibrado
Pensador sim, mas ser mais pragmático
Fiquei com mais perguntas do que respostas
E vim pensando no caminho de volta

De certa forma fazia sentido
Pensar é bom, muito é um perigo
Pensar demais te faz ver
Mas pode lhe impedir de se mover
Pragmatismo seria fazer do pensar, um fazer.

Mas ao pesquisar pragmatismo
é a forma prática, sem sentido.
Se algo não pode ser provado,
seria perda de tempo buscar algum significado,
e tanto sofrimento e angustia não existiria.

Desculpe, pra mim isso é conformismo
e to longe disso, não é comigo.
Prefiro morrer sofrendo,
com o coração batendo
não por bater, mas por estar correndo
atrás daquilo que faz sentido,
se não faz...
angústia, vem ni mim que to facinho...

Ser pensador demais me qualifica como difícil manejo,
acho que isso já diz muita coisa...
Vai ser foda cegar esse sujeito
doses e mais doses até que o tal equilíbrio seja atingido,
Mas como saber a dose certa
se nem o pensar e nem o pragmatismo
Podem ser medido?

Ainda não boto muita fé nesse lance químico,
mas vamos lá, vai que resolve comigo
Mas feliz ainda fico
Em saber que mesmo dopado
Pensador, eu resisto
Mesmo que isso represente um perigo
Um convite talvez
Pra perca da lucidez
Mas antes um pensador maluco
Que um pragmático estúpido.