segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Resistência

Hoje eu vi no jornal
O que não pode ser normal
Um morador algemado
Enquanto derrubam seu barraco
Seu crime, o âncora diz envergonhado:
'Crime de resistência'
Ai pensei meio encucado
Democracia onde crime é resistência
É melhor repensar a coerência
Neste país onde a existência
Vira boletim de ocorrência.
Pra mim é sinal de demência
A marginalidade cresce e não é por coincidência.

Reintegração de posse
Vê se pode....
E quando os índios chegar pra botar ordem
Resistência do estado é tropa de choque

domingo, 30 de agosto de 2015

Acorda povo!


Acorda povo!
Estou aqui de novo
Falando por mim
e não pelos outro
E será assim
até o fim
Pra te alertar que a vida
Não é só dim
Tem muitos por aí
Vivendo sem
Enquanto outros morrem
Pelas de cem
E se uns comem picanha
E outros matam por um acém
A culpa é sua também
Que com prazer veste a algema
Do consumo que sustenta
essa diferença
O boy pergunta se é friboi
O governo verifica:
Se é carne negra, bum, já foi
Mais um jovem sem vida
Sangrando no açougue noturno da vila
Mais uma vitima
Do estado que vampiriza
O vermelho no asfalto na periferia
Não é ciclovia
Que na paulista
é toda arrumadinha
E aqui toda apertadinha
O povo igual sardinha
No busão, trem e metrô
O tempo passa e nada mudou
O gigante acordou?

Sai governo, entra prefeito
E só promessa e obra no meio
Que nunca acaba
Hoje sofremos na seca
E em janeiro tudo alaga
E nem assim, da torneira sai uma lágrima
São Paulo, Rio, Bahia
É descaso que se vê todo dia
Marginalidade que não se cala
Mete a boca e da a cara a tapa
Estamos cansados de toda essa palhaçada
Desde pequeno ouço o que tem que mudar
Hoje sou pai e ate agora não mudou nada
Enquanto você briga na rua
eles metem a mão na grana que é sua

PT, PMDB, PSDB
Vão todos se fuder
Ninguém me representa
Não vou apanhar por vocês
Meu governo é marginal
Que corre no paralelo
Nas margens por não ser igual
Não se enquadrar na apatia
que se tornou normal

A ótica que nota
que o inimigo anda por perto
Abra o olho, não vacila, fica esperto
Poesia que te irrita
Cutucando a ferida
Aqui sua batata não assa, frita
Enquanto você bate panela
Meu povo grita
De dor e lamento
É mó sofrimento
Se manter ileso
Honestidade que gera desprezo
Em terra de empreiteiro

Mas não adianta,
Nóis exige respeito
Porque você é safado
E vem atrás dagente pra ser reeleito
E quando agente vê
Só resta nos dizer: 'bem feito'
Quem mandou votar nesse sujeito?
Então falo de novo:
Acorda povo!
Te roubam a cinco séculos
E ainda vão roubar de novo.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Mundo globalizado

Filhos da Pátria!
Da pátria que hoje é renegada
enriqueceu, esqueceu,
e ao sonho americano se rendeu
Alega falta de segurança
pra sair de mudança
pra um país que não é teu
ai fudeu...

Insegurança que você faz parte
se a desigualdade
da o start
na criminalidade
que você foge igual covarde

Ergue o muro,
se esconde atrás das grade
mas não tem jeito,
ladrão cresce o zóio memo
e facin sua mansão invade
dando coronhada de realidade
cobrando o troco
do que você ganhou
pisando em seu povo

Se quer ir, falou, já vai tarde
mas fica esperto
com seus filhos crescendo na obesidade
achando que agora tá seguro
no primeiro mundo
até o primeiro tornado
levar tudo
e quem sabe, te leva junto...

Massacre nas escolas e faculdades
acredite, é verdade
os terrorista daí são piores que os daqui
homem bomba que se explode fazendo as torre cair...

Enquanto isso milhares estão morrendo
Por estar da guerra e fome correndo
E o continente que estuprou o mundo
Se nega a abrir as portas
Tratando-os como vagabundo

Financiam a guerra no país alheio
E se recusam a acolher um estrangeiro
Que movido pelo desespero
Vai pro inimigo pedir arrego

Mas é assim memo, é sempre assim
Planeta infestado de gente ruim
Que não pensa duas vezes em dar as costas
Praqueles que precisa e eles não gosta

Turista com dinheiro tudo bem
Mas imigrante fedido, nem vem
E o desespero de quem foge da guerra e da fome
Se depara com o menosprezo do Homem

Onde só a riqueza interessa pra globalização
Nasce mais uma divisão:
Rico, é imigrante bem vindo
Pobre, é refugiado, mendigo
Que é ignorado, descartado
Na fronteira abandonado
No caminhão, congelado
Enquanto você desfila em Miami
E dezenas morrem em Osasco

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O menino

Que saudade daquele menino
Descendo a rua todo franzino
Com a calça lá embaixo
Andando balançando os braços

A mochila no joelho
Todo largado
Guangueiro nato
A camisa largada
O tênis furado

Andando por aqui
Por ali,
Sem destino
Só queria curtir

Nem ai pra nada
Sua preocupação é a rua
'Foda-se toda essa palhaçada,
De que adianta pedidos de desculpa?
Se o flip não encaixou a culpa é só sua!'

Assume seus b.o.
Desde menor
Dava um, dois trampo
Estudava e ainda namorava
Tempo pra tudo ele ia arrumando

Sonhador, pensador
Canela seca cheia de calo
Acostumado com a dor
Já não liga mais só pro próprio rabo

No skate aprendeu o que é união
Tão contraditório como a vida
Praticar em grupo um esporte de solidão
Sem regras, sem padrão

E assim ele via o mundo
Somos todos um
Não tem primeiro nem segundo
Pode vim roqueiro, rapper, qualquer um
Humildade, empatia e solidariedade
Valores que não aprendi com qualquer um

Que saudade daquele menino
Canela seca, pescoço fino
Hoje eu o vejo é só fico rindo
Será eu ainda esse menino?

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Seres humanos

Eu vejo como estamos divididos
São varias tribos, cores, partidos
Orgulhos feridos, ódio distribuído
Onde não pode ser x em terra de y
E vice versa,
Cada equipe joga
De acordo com suas próprias regras
Justiça cega que encherga
O que na carteira você carrega
E deixa dentro da cela
Só aqueles que é favela
E pra fora dela
Os que gozam a custas de verba

E nóis continua esperando representatividade
Deixando de lado nossas vontades
Esperando que alguem por nóis age
E quando não age?
Quem é o covarde?
É pouco cão que morde pra muito que late

Nos escondemos em nossas ideologias
Pregando ódio contra aqueles que a contraria
E sendo vitimas daquelas que agente não se identifica
E assim se recicla
O ódio que nos extermina

Onde está o Eu?
A liberdade se perdeu...
A empatia desapareceu...

Estamos agrupados
Atirando e sendo alvos
São vários os lados
Sobrevivendo com conceitos pré-moldados
Aperto de mãos e abraços comprados
Numa vida sem amor, sem contato
E assim, sem significado.

Somos diferentes mas iguais
Harmonia, aqui jaz!
Sociedade que aglomera solidão
E não agrupa união
Raça racional fraca
Nos tornamos meros babacas
Se o deixamos de ser
Pra ter de maneira prática

Ninguém ganha no grito
'Povo unido, jamais será vencido'
Frase de efeito que perde o sentido
Quando se grita dividido
Nóis daqui, eles dali
E um buraco no meio
Quem vai avançar primeiro?

Amor, confiança, harmonia
Gratidão à todas formas de vida
Nada vale a luta se a alma não está nutrida
Se a pessoa é vazia,
É só um número na estatística
E a causa é perdida
Se essa verdade for estabelecida
Jamais será vencida
E voltaremos a ser uma raça unida

Mas infelizmente mudamos,
Em grupo nos isolamos
E deixamos de usufruir
Da racionalidade que nos fez evoluir
E chegar até aqui
Mas já vimos que não deu certo
Pelo que nos tornamos
Ninguém é mais, ou menos esperto
E a extinção está cada vez mais perto
Com o caminho que trilhamos
Hora de pegar o retorno e voltar a seres humanos.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Sonho impossível

Faz parte do trampo deles, atirar
Eles tão lá pra morrer ou matar
E na duvida, o cano vai berrar
Porque medalha, o soldado vai ganhar
O alvo é fácil de acertar
Basta na favela morar
Pois entre rico e pobre
O mais fraco que vai sangrar
Mas aí que tá,
Quem foi que nos colocou do lado de cá?
Onde ta escrito que pobre é fraco e pode matar?
O que é que faz a eles assim pensar?
E o pior, a nóis acreditar?
Ta na hora de mudar
Essa lei apagar
Até que ponto precisamos chegar
Para nois parar pra pensar
Que precisamos de lei pra ter paz?

O ódio e a falta de respeito
É o que impõe medo
Mas a tendência é sempre culpar o governo
Ele trata nóis com mó desrespeito
Aí é mais fácil memo
Mas e nossa parte?
O que fazemos?
Aceitamos quietos e assim morremos?
Criticamos, apontamos, choramos,
Mostramos, reclamamos?
Escrevemos...

Apontamos a culpa,
Eles a desculpa
E assim continua
Nada muda
Quando precisamos, a quem pedimos ajuda?
É foda, porque ainda temos polícia
Com autorização pra matar até de dia?
Falta respeito entre nóis
E eles aproveitam sem dó
E assumem o papel vago de algoz

São muitas causas pra essa consequência
Fome, educação, saúde, reticências...
Enquanto nos aceitamos como vítimas
Haverá desculpa pra sofrermos com a policia
Porque assim se acredita
De que agente precisa da violência cinza
O que esquecemos
É que é nóis que elegemos
Os responsáveis pelos efeitos
Assim nos tornamos a causa daquilo que tememos
E não do que merecemos:
Um mundo sem necessidade de policia, em paz...
Respeito mútuo entre os iguais,
Pois somos todos iguais
Com o governo nos dando condição
Com saúde, comida, educação,
Saneamento, moradia, sem corrupção
Na teoria é fácil, possível
Porque na prática é tão difícil?
Porque tem que ser pobre ou rico,
Polícia e/ou bandido?
Entre direita e esquerda, o meio
Mais um inocente com uma bala no peito...

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Circo de Horrores

Somos todos palhaços
No circo de horrores
Que visita a terra de quem esconde seus traços
A cada espetáculo:
Mídia, holofotes
Nos testam até a morte
Pra saber o quanto a manipulação ainda segue forte
Poder onde é medido por conflitos
O quanto o povo contra povo
Deixa de mortos e feridos

Te fazem acreditar que sua voz é mais forte
Do que eles fazem com nóis de sul a norte
Cria o problema sem culpa
Só pra ver de que lado você luta
Polêmicas que viram dilemas
Diferencia e separa
Pessoas idênticas
Humanos em raças
Pessoas apáticas
Opiniões automáticas
Consequências trágicas
Matando e prendendo as mais fracas
O queijo e a faca
Você e o governo
Independente de onde veio
É ele que te ataca
Palhaços de caras pintadas

E nóis ai, protestando separados
Enquanto o inimigo sai de lado
Roubando nosso ouro
Enquanto assiste tudo parado
Escoltados por braços armados
Então, projetos arquivados
Já que ainda é eficaz
A alienação que ele faz
Então, aprovado ou não
Tanto faz
Já que nóis ainda morre em sua mão
Voto, ilusão
descaso, frustração
Abandono ou alienação
O sim ou não
Pra direita ou esquerda, qual a direção?
Se seguir sempre uma opção
Você roda em vão
Equilíbrio, solução, união...
Saia do circo,
E de caras limpas, vamo mudar esse ciclo

domingo, 23 de agosto de 2015

Futuro?

Futuro?
Se preocupar é inevitável
Pelo o que vejo
Empatia é algo impraticável
Me faz pensar em como no futuro vai ser
Futuro que eu não sei
Se pá nem vou ter,
Mas quem é que vai saber?
Se só o que agente vê
O sangue na quebrada que não para de escorrer, 
Quantas outra mais,
chacinas brutais, 
para mentir pra nóis memo 
que ta tudo maomeno
Sai pra trabalhar sem saber se vai voltar
Se pá mais uma criança que não vai ver o pai chegar
Mais uma criança que não ouvirá
'Bom dia' amanhã do seu pai
E até quando essa mistura?
Lagrimas, suor e sangue
Insanidade, loucura
Sendo engolido pela falsa-cultura
Entregando a vida nas mãos da criatura
Que te manipula, te empurra
Te domina e te 'emburra'

Seu futuro é o número
De parcelas que ainda não foram pagas
A boca seca amarga,
Mais uma vida que a publicidade mata.
Que joga irmão contra irmão
Um querendo ter mais que o outro
Ganância que cega e corrompe a nação

E no futuro o que vai sobrar
Se no agora esta tudo fora do lugar
Presos num passado que é melhor nem lembrar
Invasão, escravidão, ditadura
E todo mundo brigando pra ver de quem é a culpa
Enquanto esquecemos de escrever o futuro
A historia fica cada vez mais velha 
e o povo cada vez mais burro
E por isso não me calo, não fico mudo
Depois que minha filha nasceu
Só me preocupo com o futuro
Que a humanidade se esqueceu
Por vaidade, comodismo
Esbanjando recursos naturais em prol do consumismo
Sem notar que estamos a beira do abismo
Que nóis memo abrimo
Brigando entre si
De ódio consumindo
Foi assim que sucumbimos
Vitimas de nossos próprios 'ismos'
O Eu em declínio
Menorcídio, pobrecídio
Menos escola, mais presidio.
Seria o futuro uma prisão?
Prefiro pensar que não...
A hora de se libertar e agora,
Vamo embora então
Fazer um futuro melhor
Em nome dos meus, dos seus, dos menor!

sábado, 22 de agosto de 2015

Eu peço ao pai

Eu peço ao pai, inspiração
Para que não escreva em vão
Eu peço ao pai, saúde
Para sobreviver até que algo mude

Eu peço ao pai, respeito
Para que se acabe com o genocídio no gueto
Eu peço ao pai, paz
Pois a quebrada não aguenta sangrar mais

Eu peço ao pai, educação de qualidade
Para que o menor não entre pra criminalidade
Eu peço ao pai, coragem
Pra enfrentar os covarde
(incluindo eu)

Eu peço ao pai, amor
Minha filha depende disso, por favor
Eu peço ao pai, sabedoria
Pra denunciar em forma de poesia

Eu peço ao pai, paciência
Pra conviver em meio à demência
Eu peço ao pai, coerência
Que a hipocrisia não faça parte da minha vivência

Eu peço ao pai, pelos meus
E também aos outros que se perdeu
Eu peço ao pai, só o que mereço
Consciência limpa não tem preço

Eu peço ao pai, natureza
A cabeça dói, respirando só impureza
Eu peço ao pai, união
É foda ver irmão contra irmão

Eu peço ao pai, menos política
Mais ação, porque a situação é crítica
Eu peço ao pai, menos corrupção
Que mancha o orgulho pela nação

Eu peço ao pai, mais poesia
Viciado estou, quero fazer todo dia
Eu peco ao pai, tudo o que nóis precisa
Mesmo que isso só o Senhor identifica

Eu peço ao pai, que abençoe a cada Eu
Que lendo isso, alguns minutos perdeu
Eu peço ao pai, serenidade
E paz à toda humanidade

Eu peço ao pai, gratidão também
Pela visão que vai além,
Amém!

Urgência

Falta de respeito
É tudo o que vejo
Ninguém mais liga para o bem estar alheio
Na maior, o que importa é o dinheiro
Falta atendimento,
Quando tem é fora do tempo
Foda-se se você perdeu o dia inteiro
E vai perder também o emprego
Na saúde pública o que reina é desrespeito

Muitos caíram na ilusão
Se perderam no cifrão
Esqueceram da vocação
Que Deus lhe deu o dom
Pra ajudar o irmão
E não pra vender saúde como se fosse obrigação

Humanidade em fracasso
Ao tentar controlar o tempo,
Só Jah sabe a hora
Só cabe a nóis ficar atento
E mandar o mau humor embora
O raciocínio é lógico
Jogue fora seu relógio

Babilônia, capital do atraso
E do descaso
Já vi vários casos
Sei bem qual o resultado
Neguin só se preocupa com o próprio rabo
E nesse ciclo vicioso
Só se vê mais atraso
É só atrasa lado
Uma pessoa atrasada
Atrasa o outra no automático
E quando se vê, ta tudo num colapso
Onde tempo ninguém tem
Não sobra nada pra ninguém
A não ser desrespeito, esculacho
A corda arrebenta sempre do lado mais fraco
Que agoniza ao esperar um socorro imediato

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Você é o que veste?

No caminho pra casa você fica pianinho
Lava o uniforme na casa do vizinho
Fica com o cu na mao se estiver sozinho
Adaptando o malandro Bezerra
Sem farda voce rebola e muda de voz
Com ela acha que é nosso algoz
Vestido pra matar se esquece até de onde veio
Com quem cresceu e o que é o respeito
Como se sua roupa lhe desse o direito
De agir de qualquer jeito
Discriminando pobre e preto
Com um colete no peito
Servir e proteger é o lema da instituição
Tao verdadeiro quanto o ordem e progresso da nação
E a polícia na contramão
Promover a ordem com bomba e caveirão
Só prova o quanto você é cuzão
Fantoche do governador
Que te da poder
Pra você esquecer
E coloca você pra por pra correr
O povo que sofre o tanto quanto você
Linha de frente na guerra sem fim
Senhor é o caralho, não espere isso de mim
Sinto muito soldado
Me pediram pra lhe mandar um recado
Você é o que é, fardado ou pelado
Se é só com farda, você é um coitado

Mais uma vítima do descaso
Que te coloca do lado
Do mais abastado
Matando sem dó quem é favelado
Pra defender o rico
Atira até no próprio filho se for preciso
Propagador do ódio do governador
De quem é sofredor
Não desejo mal a ti
Você tem familia igual a mim
Só quero lhe fazer refletir
Se é isso memo que você quer
Ser odiado pela maioria
Temido até pela sua mulher
Abuso de poder de quem nem tem
Não deixe a farda falar por você
Eu sou cidadão e você também
Estamos do mesmo lado
Seu patrão nos trata como rato
Tira essa porra de farda
Que a paz lhe aguarda
E vamos lutar juntos
Chega de tanto defunto
Vamos mudar o mundo
Defender de fato
quem está do nosso lado
Resgatar as vítimas do estado
Amparar as mães que choram
Por tantos assassinados
Entenda o choro como desabafo
E não como desacato
O estado brinca de soldado
com você que não vê
Que sua farda fede a morte
Se voltou vivo hoje, é seu dia de sorte
Matar ou viver
É fácil escolher
Basta apenas desobedecer
O que o estado lhe manda fazer
Lembre de seus filhos que vão crescer
E faça com que tenham orgulho de você
E não que tenham que se esconder
Pela roupa que você veste
Porque no juízo final,
Se for o que veste
Você não passa no teste

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Ver além

A vida me golpeu
Senti o baque e cai
Mas eis me aqui
Nada foi em vão não
Muito eu aprendi
Tantas eu perdi
Outras adquiri
To firmão
No caminho que escolhi

Então que seja assim
Secando lágrimas e canetas
Escrevendo sem brincadeira:
O que alma grita vira rima
E enquanto o coração espanca
Destrava a tranca
Da mente que se abre
Pra visão que vai além e invade
Os pensamentos loco
De quem aprendeu que é muito pouco
Viver somente com o que lhe é imposto

E então como marginal se coloca
Expondo a ótica que choca
Pra que nada e nem ninguém
Fique de fora
Poesia ardida, afiada que toca
Pra que todos sintam e vejam alem
Sensibilidade que maltrata
Ao mesmo tempo em que trata
Sociedade alienada

Não é pra ser bonito
E sim pra ser sentido
Portal de consciência
Extraída da vivencia
De quem sobreviveu
Morreu e viveu
Ponto de luz de quem conheceu o breu

Literatura que foi a cura
Marginalidade onde a poesia é armadura
Que defende da realidade que tortura
Amargura
Mata e murmura
Que nóis não pode porra nenhuma
No inferno das ruas
Só transborda inspiração pura

Pra que reviver a dor do passado
Se posso evitá-lo no futuro
Livrar alguem do machucado
Chega de ódio, já vimos que deu errado
A próxima história é nóis quem hoje escreve
Nossos filhos agradecem
Então mais fogo, mais amor
Mais poesia, menos hipocrisia

Então vai vendo
Há um propósito
Não basta estar lendo
O que se busca é lógico
Não é fama, é firmamento
Que através do psicológico
Eu lhe traga ensinamento
E você a mim também
Numa troca onde todos possam finalmente
Ver como tudo é diferente
E vamos crer no que podemos ser
E crer no poder que tem:
VER ALÉM!

Pra não passar em branco

Não comento manifestação
Onde o que se manifesta não é ação
Panela vazia não muda a situação
Sem foco, protesto vazio
Carnaval onde abadá é camisa da seleção
ManiFest que atrai multidão
Não é a solução
É rolê alternativo pra aproveitar o domingão
Patriotismo de quem só consome importado
Se a panela ta vazia,
É porque ta cheio o prato
E quem ariou a Tramontina
Foi a tia, dona Maria
Moradora da periferia
Onde se mata um por dia
Que se foda Aécio,
Que se foda a Dilma
Se essa porra mudar um dia
É porque tacaram fogo em Brasília
O resto pra mim é desfile, patifaria!

Vai demorar pra eu ver
A mudança acontecer
Enquanto não tomarmos o poder
Não há o que fazer
Porque se ali estão
Roubando a nação
É porque ganharam a eleição
Escolhido ou não pela população
Democracia é confusão
Ditadura é alienação
Uma no povo cria divisão
A outra cala e mata o cidadão
Cabo de guerra
Cabo eleitoral
Sinfonia de panela
No país do carnaval

Só penso no futuro da minha filha
Que a briga entre empadas e coxinhas
Dela tira
Democracia desunida
cidadania perdida
Mal sabe o poder que tem o povo
Mas quem sabe um dia
Desperte o novo
E a mudança chegue
Colocando o sistema em cheque
Por quem se atreve
A peitar quem realmente deve:
Você a você mesmo que lê
E eu a mim mesmo que escreve
Mude que a mudança aparece.
Porque se falta representatividade
É que ta faltando identidade
Vamo então falar a verdade
Você seria um bom prefeito pracsia cidade?
Ficha limpa e pá?
Sem nada pra se envergonhar?
Apontar e xingar o outro lado é fácil
É o que querem
O que falta é quem faça
O que os brasileiros merecem

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Menino Pedro (continuação)

Antes de qualquer coisa, releia: Menino Pedro

(...)
E assim cresceu Pedro
Largado ao relento,
Feito bicho, em meio ao lixo
Das ruas não tinha medo
E inquieto ele via e observava
O vazio daquela gente que o ignorava
E então no meio da loucura, a cura!

Porque não?

Me ignoram depois de me jogarem pedra?
Então já era!

Aqui jaz o moleque problema
Hora de devolver pra sociedade o dilema
De menino apedrejado
Para o homem engajado

Pois aprendeu de tanto observar
O que é preciso mudar
Primeiro é a si mesmo
E das pedra largar
Só assim pra poder cobrar
Daqueles que só o fizeram afundar

Depois é voltar
E pras pessoas apontar
O dedo na cara e falar:

'Me jogaram pedras sem pensar
E com eles meu castelo ergui
E da torre eu vi
Você passar por aqui e ali
Que nem eu, que nem zumbi
Mas fissura maior era a sua
Que nem me via na rua
Correndo atrás do seu vício pelo dinheiro
E eu aqui, no cantinho, quietinho
Vendo você no desespero,
Mas hoje eu estou inteiro
E você continua o mesmo
Fui até o fundo sim
E a você eu agradeço
Porque só assim eu vi
o que fazia mal a mim
Suas pedras me afundou
Mas o que você não esperava
É que elas me resgatou
Enquanto você continua esse homem vago
Nadando no raso
Andando sempre pelo claro
Quero só ver,
Quando te escurecer,
O que você vai fazer?
Pra onde vai correr?
Já sei a quem vai recorrer
Vai pedir pra eu devolver
As pedras que me atirou
logo depois que me viu nascer
Mas sinto muito irmão
Já fizeram minha loucura
E da loucura eu valorizei a sanidade
E por ficar tanto no escuro
Sei o valor da claridade
Convivi com a morte
Porque do meu lado poucos
tiveram a mesma sorte
Por isso escolhi viver
Livre das pedras, livre de você.
Então pega seu dinheiro, essa pedra e some
Porque era uma vez o menino Pedro
Agora sou o Pedro, sobrenome homem!'

domingo, 16 de agosto de 2015

Vale a pena?

Se em um nobre dia,
No meio de sua rotina
Algo limpasse sua retina
O que você veria?
Como se sentiria
Ao ver que sumiu tudo o que você tinha?

Todo seu tempo longe da familia
Desaforos levados pra casa,
Esforço, dedicação
Pra conseguir comprar aquele carrão
Foi em vão?
Teria um ataque do coração?
Depressão?
Ou abriria sua visão
Ao constatar que tudo
não se passava de ilusão?
Mas e se for tarde
E esse dia for o fim
Com você frio, duro no caixão?

Então acorda vacilão
Ainda há tempo
De acordar da ilusão
Senão é só lamento
Então meu irmão
Ouça meu conselho
Olhe ao seu redor
E verá o mal que nos faz o dinheiro

É só maldade, coisa ruim
Cobiça, ganância, vaidade
não é isso que eu quero pra mim
Falsidade, desigualdade
Fim da liberdade
Pode ser física: cadeia
Ou mental: aliena
E você ainda acha que vale a pena?

Sei bem que ainda é preciso
E fico triste com isso
O que me deprime não é a falta
Mas a necessidade
Dessa falta de liberdade
Ser refém da contabilidade
É triste ver
Que sem papel é difícil viver
Mas será que é assim
que se vive de verdade?

Qual o preço da vida?
A publicidade  atenta todo dia
E o sistema nos alicia
E assim nos vicia
No consumo que nos distancia

Sei que dá pra viver sem
Quando se vê além
Nada vale uma nota de cem
Então vamos juntos tentar
Do dinheiro desapegar
Fazer a humanidade mudar
Pra própria vida voltar
Quebrar as correntes, se libertar

O mundo clama por paz
enquanto você só quer ter mais
Mas enquanto um
querer comprar mais que o outro
A paz desce pelo esgoto
Porque a crise não é financeira
É existencial e não é brincadeira
Então novamente lhe pergunto:
Será que vale a pena?

sábado, 15 de agosto de 2015

Desmascarando a morte

Ta foda de engolir
Impossível de digerir
É muita lágrima e isso dói em mim
Vinte famílias que vai demorar a sorrir

Foda saber que não vai dar nada
Agente ta ligado como é a parada
Criminalizam a vitima enquanto é velada
E depois de enterrada
Já era, ninguém fala mais nada
E logo o que se vê é mais um estirado na calçada

Antes a periferia era violenta,
Hoje ela é violentada

E o que se clama é por justiça
Mas de que adianta?
Se ela não vai devolver a vida
Nem preencher a cadeira vazia na janta

E o foda é saber
Que não é o começo
Dói pra caralho prever
Que basta um tropeço
Pra novamente a bala comer
E que a próxima vitima pode ser eu,
Pode ser você
Condenados a morte por ir no bar
Pra uma cerveja beber
Ah vai se fuder...

A alma não se conforma
Grita pra eu escrever
Porque tem gente que não se incomoda
Como pode? Humanidade torta
Só se reforça
E só chora quando o mal bate a sua porta?

Não mano...
Somos todos humanos
Se morre fulano, se matam Sicrano
Eu sou o beltrano
Tentando ver onde é que tamo errando

Se a milianos pela paz tamo esperando
Assistindo a eles nos matando
E saindo andando como se normal fosse
Cresci achando que vestia capa preta e foice
Mas a morte veste farda,
mascara e usa arma

Demorou mas chegou o dia
Que aprendi que nós a tememos
pela sua covardia!

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ódio como vitamina

É irmão, aconteceu mais uma vez..
Só num boteco foram dez de uma vez
E mais uns outros 10 que perderam a vez
Agora a notícia é a bola da vez
Até que matem mais da próxima vez
E esquecido serão aqueles que morreram desta vez

Mais uma chacina
E o que tudo indica
É coisa de polícia
Mas quem mora na periferia
É nisso em que se acredita
Pois sabe bem o que vivencia
De um lado o crime,
Do outro a polícia

E o que me irrita
É a frase que ainda é dita
Por quem ainda na corporação acredita
Como se fosse justificativa:
'Até tarde no bar?
Coisa boa não era a vítima!'
Ta bom tia...
E o que você me diz da burguesia?
Que nas baladas troca a noite pelo dia?

E o senhor, secretário?
Jura que você recebe salário
Pra dizer o que está claro?
Represália por quem foi morto no trabalho?
Vingança covarde é coisa de soldado safado

Porque muito trabalhador morre
Se nem ao menos chegar ao trabalho
Mas é que isso não sai no noticiário
Então é aceitável que alguns engulam esse sapo
Brasileiro sequer olha pra quem está ao lado
Então, ta certo ser feito de otário

E antes que comece o mimimi
O que escrevo aqui
É pra se refletir
Então nem venha confundir
Julgando o que é escrito por mim

A sua hipocrisia é hemoglobina
Do sangue que jorra da vítima
Enquanto a lei mata na periferia
Na balada o boy faz fila
Enche a cara, pega a sua filha
E depois com seu carrão desfila
Predisposto a tirar mais uma vida

Mas lá, a PM não visita
Boy só conhece a 'Veja' como revista
E a verdade tem que ser dita
É na periferia que o ódio faz moradia

Ah...e não foi só ontem não
E nem é só em Osasco
A PM comprimenta o pobre com a arma na mão
Fruto de todo este descaso

E onde o ódio germina,
O fruto é chacina!
Enquanto uns não tem nem pro café
No boteco da esquina
E outros crescem a base de vitamina
Esse mundo não haverá saída

Bom dia?
Quem sabe numa próxima vida...
Porque nessa, quem vos escreve já duvida!

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Castelo de areia

Perdeu-se o coletivo
E ninguém mais sabe qual
o real objetivo
Por pouco se afundou
E o que sobrou
É o raso indivíduo

Que pelo conforto
Não escolheu o caminho torto
Ao sentir a agua bater no oco
voltou, pro raso, preferiu ficar no porto
Ganhou a vida e ainda exige o troco
E chama de louco
Quem faz o corre pelo tesouro
Que se aventurou por achar
Que o que oferecem é muito pouco

Vai vendo...

Assim caminha a desumanidade
Com suas contrariedades
Ser padrão é sinônimo se sanidade
No automático, robótico
Em prol da sociedade
Mas não vê o que é lógico
Que também se perdeu a individualidade

Ai fudeu!

Coletivo dividido
Individuo perdido
Sobrou só o corpo vazio
Ancorado no raso
porque é o mais prático!

Mas não, nããão mano....
Esse é o plano
De quem só parece ser humano
Mas arranca de você todos seus sonhos
Fazendo você esquecer
de quem é você
Você vê?

Eu vejo!

E ai tudo clareia
Eu me aprofundo em mim memo
Enquanto você foge pra areia
Areia...
Castelo de areia
Agora o tsunami chegou, e levou
O que você construiu a vida inteira
Como se fosse brincadeira

Mas não é!

O bagulho alem de doido, é sério
Penetraram no seu cérebro
Pra que você só pense em crédito
Pra satisfazer seu ego
E não perceber que menos arvore é mais prédio
Já era o seu castelo...
Menos vida, mais concreto

Cruz credo!

Onde vamos parar assim?
Pra eu mudar a humanidade
Preciso começar por mim
Como cobrar menos violência
E mais harmonia
Se to ocupado fazendo boletim de ocorrência
E desejando que não me roubem mais um dia?

É preciso desejar mais,
Querer mais...
Fazer mais!
Comigo mesmo estar em paz
E irradiar aquilo que satisfaz
Não a mim, mas a todos aos meus iguais

Plenitude

E curar o individuo
Em nome do coletivo
Porque se sou parte do todo
É culpa minha também se ainda sofre meu povo
Então eis me aqui, escrevendo de novo
Na busca de que se resgate o gosto
De estar vivo, em nome do coletivo
E não o oposto
Coletivo em prol do individuo
É maquina de sustentar bandido
E por isso tamo fudido...

Chega!

Deixa o ego pra lá
Vamos somar
Porque já dividimos demais
E se pá, restou nada, de tão pouco
Ta na hora de nóis devolver o troco
Pra quem só nos explora até o osso
Enquanto se lambuzam com o filé
Nóis tá fraco, mal fica em pé
É, assim que é...

Mas não vai ser mais!

Unidos com cada eu fortalecido
Pesado vem o coletivo
Na mochila, experiência, consciência
Atitude e plenitude
Aí sim, sem precisar ser mais rude
É só voltar pra praia
E fazer com que a coisa mude

Não se prenda pela renda
em nome de sua vida inteira
A vida é um jogo, mas não é brincadeira

Se for pra ficar na areia,
Que seja pra enterrar a sujeira!

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Éssipê

São Paulo, demônio de duas caras
Te diverte e te ataca
Onde quem protege,
É também quem te mata

Monstro da falsidade
Em forma de cidade
Onde o inverno é quente e o coração frio
E tudo é cheio de corpos vazios

São Paulo, terra da diversidade
Onde o preconceito invade
Dando fim à sua falsa liberdade

Terra de oportunidades
Muitos viadutos pra servirem de lares
Portas abertas aos imigrantes
Hospitalidade onde o ódio é o semblante

A cidade que não para
Mas também não anda

São Paulo da gastronomia
Onde milhões passam fome todo dia
Da antipatia da burguesia
Que contrasta com a alegria da periferia

Cidade locomotiva do Brasil
Com poucos trilhos e motor a frio
De coração financeiro
Pra capital do desespero

São Paulo, cidade do medo
De escolas vazias, botecos cheios
Cadernos limpos, muros riscados
Carros velozes e trânsito parado

Metrópole poliglota
Onde as pessoas não se falam
Chuva ácida, cimento fértil
Onde a marginalidade brota

São Paulo do céu gradiente
marrom azulado, seco ardente
Cidade da fome e também da sede

São Paulo, terra do desapego
Cidade que amo
Mas que também odeio
É desse jeito, éssepê, fica ligeiro!

Pátria roubada

Licença aqui aos demais
Chegou a hora d'eu falar
Daqueles que perderam a paz
Quando deram de cara com o Pero Vaz
E aqui jaz:
As arvores, os animais,
A liberdade dos donos da terra descoberta
Já era!

Um povo que vivia em harmonia
Que nudez permitia
E roupa não vestia
Convite pra putaria
Do gringo que pelo mar, terra via
E fazia fila
Abuso de nossas matrizes indígenas

E aos corajosos caçadores a missão:
Sobrevivência dos brancos, escravidão
Logo os jesuítas e sua evangelização
E ai em perdição, já nascia a nação
Miscigenação, preconceito, abuso, desrespeito

Pátria que foi roubada,
cultura desrespeitada
E até hoje discriminada
Tratada como suja quem ontem preservava
O que o cara pálida até hoje desmata

'Dá sua terra aqui, seu índio
Meu boi precisa pastar,
Se sair por bem,
Depois te dou um kilo,
Senão, te arranco no tiro!'

E assim nossos caciques padecem
Perdendo espaço pra tecnologia que aparece
Pros curumins que na aldeia cresce
E que já logo um nike veste

Mais de 500 anos de história e nada muda
Cada dia se mata a rica cultura
De quem aprendeu a viver bem in natura
Natura que agora vive de patente de sementes que não é sua!

Um salve a todos os indígenas
Que correm em nosso sangue
E que nóis pague a divida
Por termos tirado de forma indigna
A vossa auto-estima

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Diferentes, porém iguais

Por onde olho
Vejo humanidade em destroços
Onde as diferenças
Se transformam em ódio
Motivando embates entre nós próprios
O que pra eles é grande negócio.

Babilônia, capital da intolerância
Mais vale uma diferença
Do que milhares de semelhanças
E aí se cria lideranças
Que promovem a matança
Em prol da militância

Máquina de arrancar votos
De lados opostos

Na democracia
quem ganha é a maioria
manipulada pela grande mídia
Só se abre os olhos
para o que nos diferencia
Panela na beira da picina
Carnificina na periferia

E enquanto a gente luta entre si
Raças, gêneros, convicções
O que nos mata por aqui
É o que afeta a mim e a ti
O monstro que nós mesmos alimentamos
Com o ódio que compartilhamos

O que faz você pensar
Que sermos e pensarmos iguais
O mundo vai melhorar?

Somos diferentes,
graças à Deus, Jeová
À buda ou à Jah
Respeito aos orixás!

Se está bem consigo mesmo,
Tanto faz o que te satisfaz
O que te faz sagaz,
É saber que respeito nunca é demais

Afinal, o que você sente?
Ódio ou medo de ver
Que no meio de seus iguais,
Você também é diferente?

Então deixemos os ismos para trás
E sejamos de fatos racionais,
Diferentes, porém iguais
Aprendendo mutuamente cada vez mais
Com as diferenças culturais
Políticas, sexuais
Religiosas ou sociais.

Juntos, podemos mais,
Pode pá, pode acreditar
Nesse mundo, somos todos marginais!

domingo, 9 de agosto de 2015

Dia dos Pais

Panelas batem, governos caem
o povo vai a luta e nada muda
todo o ano a mesma frescura
publicidade invasiva
terrorista
monstro do mal
alimentando-se do capital
que vem do sentimental.
Não é preciso de um domingo
pra me dizer
que ser pai é especial
minha filha fala isso toda noite,
só de estar comigo, dormindo.

Mas não é assim que as coisas são
fazem do pai um vilão
pra que em Agosto se venda a ilusão
e lotar shoppings e ganhar um carrão
já que seu pai se mata na condução
Prato cheio pra televisão
que organiza toda sua programação
do comercial ao Faustão
convencendo o povo de que se compra gratidão
por estar vivo, vivão
pelo exemplo, educação
ou pelo abandono que virou motivação
fazendo do franzino, homenzarrão
encarando de frente o mundão

E na segunda lá se vai o paizão
o mano que dá mó trampo
pra garantir o pão
enfrentando as armadilha e tentação
de uma sociedade consumista
que dita marcas, personagens preferidas
e se vê, impotente ao ter que ver
que é preciso deixar de comer
para que seu filho tenha
o que o mundo diz que que ele precisa ter
Nem que nessa noite a janta não tenha feijão
dá nada não,
ele tá só fazendo a sua obrigação!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Fogo na Panela

Panela que bate bate
panela que já bateu
e o povo já se esqueceu
que a panela foi ele que escolheu
ou deixou-se escolher
e vai pra janela bater panela
e não pra ver
que através dela
há pessoas sem comer

Panela e prato vazio
rango azedo e frio
são mais de 500 anos, tio
de exploração vil
das riquezas do Brasil
você foi até a janela e não viu?
guiado pela tela
que assistiu
aquela que te cega
e que te leva
a acreditar
que bater panela fará
a corrupção acabá?

Aí não dá...

Seja vermelho
seja azul
seja brasileiro
o que nos sobra é ficar de joelho
porque quando o azul
briga com o vermelho
roxo fica o país inteiro
de tanta pancada
que o descaso causa
o efeito de um país com defeito
que não educa mas mata
enquanto sentimos na cara
a culpa de ser representados
por um bando de canalhas
que se delatam
se acusam e depois se abraçam

Abraça!

Barulho então faça
mas não se limite a sacada
nem a selfie em passeata
senão vira palhaçada
que não tem graça
briga de classe declarada
elite contra o gueto?
Então me diz do que tem medo
Da "facul" cheia de preto,
do favelado com bucho cheio?
Eu sei o que me causa receio
é ver o povo em guerra
sem trégua
por cores que se apega
enquanto o futuro da minha filha
eles leva
metendo a mão no que é dela
e pra eles nada pega?
Fogo na panela
e que se foda quem se alimenta
às custas de verba

E nóis?

Ou tá batendo ponto,
ou tá batendo panela.

Vermelho, azul, branco,
preto, verde ou amarela
O futuro é que me preocupa
e que me interessa
A cor depende da luz que reflete
então pega sua bandeira
e faça um teste
pega a carapuça
e vê se em você ela veste

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Somos todos marginais

Marginalidade que nasce da desigualdade
De um país que não escolhe idade,
Nem cidade
Onde se mata com caneta
e não vai pras grades
E quem sofre não mao desses covardes
É o povo que vive a margem
Do padrão exigido pela sociedade

Marginalidade que brota
De quem sofre na mao
De quem se esconde atrás das botas
Vitimas da repressão
De um estado que lhe vira as costas

Marginalidade que não se cala
Que ganha versos, palavras
Fazendo da poesia sua arma
Disparando a realidade que constata

Marginalidade que se espalha
Sem fronteiras, sem paradas
Literatura brasileira renovada
Literatura Marginal que atrapalha
A contracultura que o sistema não esperava

Marginalidade que exala poesia
Que cutuca a ferida
Dando voz a quem nunca foi ouvida
E hoje ecoa a voz da periferia
De todo canto do Brasil
De São Paulo, Bahia, Rio...

Marginalidade que se une
Pra aumentar da voz o volume
Que os bandidos se acostume
Com o poder que agora o povo assume

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Menino Pedro

Pedro guarda cada pedra que lhe é atirada.
Com certa idade cansou-se de levar tanta pedrada da sociedade.
Ali a vida de uma criança foi desperdiçada,
mais uma esperança que foi assassinada.

Hoje devolve cada pedrada
fumando todas aquelas pedras
que colocaram em sua estrada

Ele não sabe ler, não escreve.
Também não fala porque ouví-lo ninguém se atreve.
Sua mente bate asas,
sem livros de contos de fadas
nem fábulas
para aguçar sua imaginação.
Sua nave é um cachimbo na mão,
um pedaço de papelão no chão
e muito ódio em seu coração.

Era uma vez o menino Pedro...

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Covardia

Porra, mó mancada ó
Mataram sem dó
O mais temido predador
Virou presa e sentiu a dor
E o caçador safado
Fez tudo de caso pensado
Atraiu o coitado
Pelo perfume da carniça
O coitado foi seco e mordeu a isca
Perdeu a cabeça, a pele, virou estatística
Mais um manipulado pela mídia
Que perdeu o controle de sua vida
Atraido pela mentira
Contada por uma sociedade consumista
Achou que eu tava falando do Cecil?
Não, não...
É de você mesmo que veste terno a 30 graus celsius
Achando que ta por cima da carne seca
Mas no fundo é a presa
Fazendo o que o sistema precisa
Enquanto ele rouba pouco a pouco a sua vida
E quando você perceber, sua cabeça já foi vendida
Enfeitando a sala da presidência em Brasília.

É irmão, que fique então a lição
Se a curiosidade matou o gato,
A ganância matou o leão.

domingo, 2 de agosto de 2015

Tsunami da seca

Já to ficando cansado de ouvir
Sempre a mesma desculpa
Não se fala mais em outra coisa por aqui
E por tudo a crise leva culpa

É crise pra cá, é crise pra lá...

Não chove, a conta sobe
É a crise, colabore...

Desemprego, trabalhador com medo
É a crise, não tem jeito

'Mãe, meu prato ta vazio'
'É a crise, fio'

E tudo sobe, sobe tudo
A bala come, mais um defunto
E sempre ela, a crise, culpada por tudo

Mas quem é essa malvada
Que aparece assim do nada
E faz todo esse estrago na quebrada?
Porque pro patrão, não pega nada
Manda embora a empregaiada
E resolve a parada
No maximo uma viagem adiada

Só que não é bem assim que eu vejo
Pra mim é mais uma desculpa do desgoverno
Reforçando o comodismo do brasileiro
'Ah ta ruim, mas é a crise, não tá vendo?'
E tem muitos tirando proveito,
Faz uso dela e aumenta o preço

Só que no gueto ta ruim já faz tempo, parceiro
É mó treta pra levantar um dinheiro
Água? Falta o tempo inteiro
Luz? Se não for gato, não tem gelo
Emprego? Ou faz de tudo ou bate o desespero

E daí é um dois pra uma letra fazer diferença
Crise vira crime
E o trabalhador experimenta se o crime compensa
Porque em Brasília, de onde a crise parte
Milhões somem e ninguém vai pra grade
E quando vai, x9 covarde,
Faz acordo e se evade

Delação premiada?
Pobre rouba um pão e na cadeia mofa
Politico mete a mão em milão
E por delação, recebe premiação?
É a crise? Não, é a corrupção
Que deixa sem saúde e educação
A pobre população
Aí não jão....
Tá foda segurar esse rojão

É crise pra lá, é crise pra cá...
Quantas crises mais, a periferia vai sangrar?
Você já parou pra pensar?
Marolinha, tsunami em tempo de seca
A pior crise é a que colocam em sua cabeça
Seja você, não deixe que isso aconteça!

sábado, 1 de agosto de 2015

Alguma coisa está errada

Alguma coisa ta errada
Se tem fila ate pra psiquiatra
Sociedade alienada
De cabeca bitolada
Adoece de tanto trabalhar
Impulsionada pelo desejo de comprar
De parecer ser mais
Que o vizinho de trás

Guerra de ego
Que não agrego
Menosprezo
Não faço parte
Apenas observo
E transformo em arte
Rimando a falsidade
Que gera insanidade
De quem só quer ser inserido na sociedade

Achando que é bonito
Brigar pelo partido
Viver sem sentido
Guerreando com o amigo
E pro inimigo que é só sorriso
você oferece abrigo,
Sem ver o quanto é nocivo
Nesse momento decisivo
Mas a vida é sua, nem ligo
Você nem ouve o que te digo

Então vai lá...
Já sei o que vai falar
Que o mundo é assim
E não vai ser eu que vou mudar,
Firmão, cada louco em sua condição
Da prata abro mão
E de louco você me taxa
Por ela você se mata
E quando morre não leva nada
Mas relaxa meu chapa
Um dia agente se esbarra
Na fila do psiquiatra
Ai você vai ver,
Vai entender,
que alguma coisa tava mesmo errada

Cabeças tumultuadas
Sociedade sequelada