sábado, 26 de setembro de 2015

Enquanto o dólar sobe...


Aconteceu de novo
Ta foda o morro
Mataram mais um por engano (?)
Como pode mano?
Filmaram a cara do fulano
E o cara sai andando
No telefone falando?
Podem falar que errar é humano
Mas não sentir por uma criança morta
É os valores se deteriorando
Mas o mais foda
É que o PM nem se toca
Liga pro patrão pra avisar:
'Matei mais um inocente, vê se atingi a cota'
Não sente a dor que a todos choca
Age como se houvesse simplesmente errado
No cara e coroa, da moeda o lado
Sem empatia não vê o que é fato
Vida de criança que escorre pelos ralo
Não mão desses soldado despreparado
Proíbem o morro de ir até a praia
Deviam proibir de chegar no morro as bala
Que manda nossas crianças pra vala
Mas disso pouco se fala
A mídia seletiva
Escolhe de qual vida perdida
Que vira notícia
Se da criança brasileira ou da síria
No morro se mata todo dia
Tome cuidado se trombar com a polícia
Se não o fuzil canta fazendo outra vítima
Que será tratada somente como estatística
Mais um promissor traficante que não brinca
Agora é só mais um corpo que o sangue pinga
Outro anjo que foi precocemente para o andar de cima

Capuz, escuridão, deita no chão
No bar desce mais uma chacina
Não é saideira muito menos brincadeira
Orgulho pra corporação, faca na caveira
Vingança que tira a vida alheia
Policia assassina quem tem pele preta
Preconceito engatilhado na arma da besta
Que corrompe e transforma
Soldado em justiceiro
Cruel é a forma
Que se age no gueto
Segregação mortal
Em busca de respeito
Mas só o que se consegue é criar medo
Na população que se vê por um fio
Só em Osasco foram 19 que caiu
E criançada lá no rio
Furada de fuzil
E aí, tio?
Enquanto o dólar sobe
O pobre se fode
No Brasil.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Menino Pedro - A praia


Menino Pedro brincava
Livremente nas águas
Do mar que o alimentava
E o banhava
Quando do nada
Chegou uma gringaiada
Causando tumulto e confusão
Eis o primeiro arrastão
Arrastaram Pedro d'água
E a sua liberdade foi roubada
Junto com suas terras e suas águas
Foi empurrado pro mato,
Encurralado
Viu de lá assustado
Navios e mais navios de escravos
Que na praia eram descarregados
E que por onde chegaram no passado
No futuro, seriam barrados
O contraste da pele com a areia era invejado
Espetaculo de cores que deixava o branco assustado
E por servirem só para o trabalho
Divertir-se na praia era arriscado
O branco pálido
Tinha medo de que roubassem seu bronzeado
E assim Pedro e negros dali foram afastados
Com seus direitos de ir, vir e se divertir, cassados.
Fazendo daquela praia um festival desbotado
Era uma vez o menino Pedro,
Colar na praia não tinha direito
Só por ser o que é: Negro!
Só de passageiro, já é suspeito.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Profissões

Vejo todo dia
Varias dona Maria
Mães de periferia
Cantarolando com alegria
Mesmo sofrendo com a faxina
Insulto de quem não é sua cria
Tudo pra deixar limpinha
A mansão da burguesia

Vejo também vários Josias
Madrugando na periferia
Pra garantir o pão quentinho da padaria
E aguentar a piada do padeiro todo dia

Vejo vários Isaías
Correndo risco de vida
Pra servir no banco como vigia
Garantindo a segurança do papel que vicia
Suja e contamina

Vejo também vários Seu Alfredo
Barba feita, cabelo cortado
Todo de social, mais um porteiro
Que passa o dia inteiro
Pessoas recebendo
Visitas e uns pentelhos
Que tocam interfone e saem correndo

Tem também vários Pedro
Junto com Vicente, o servente
Disposição sempre tá tendo
Sol a pino ou chovendo
Não tem tempo ruim pra pedreiro
Pra construir a tempo
A mansão que o patrão tá querendo

E assim eu fico vendo
Pra que viemos
Pobre só serve pra servir
E muitos não tão nem aí
Não dão valor a quem sorri
Pra fazer você, o tal se sentir
Sua auto estima subir
E você nem com um bom dia retribuir

Eu to vendo e percebendo
Que é deste jeito
O luxo reflete no espelho
O desemprego ou o subemprego
A qual estamos sujeitos
Porque pobre tem trabalho
Rico tem emprego

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Reflexão

Recebemos do mundo
O que ele recebe de você
Reclamar não vai resolver
Se também parte de você
Só quem sente vai saber
O que pode acontecer
Pra paz reinar basta você oferecer
Não fingir que não é com você
E ser ao mundo o melhor que possa ser
Pois o seu mundo nada mais é
Um espelho de você
E o meu mundo só vai querer
Se a paz você também ceder
E assim faremos quando escurecer
Fazer aos céus transparecer
Piscando luzes pra acordado nos manter
E lembrar que o bem continua depois do amanhecer..

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Aos verdadeiros

Um brinde a amizade
Daquelas que não tem idade
Que quando o santo bate
Não há distância que separe
Dos churrascos à noitadas
Qualquer coisa era desculpa pras gelada
Daquelas amizades que é só risada
Mas também tem cobrança se fizer cagada
E contamos pra qualquer parada
Se pintar aquele bo de forma inesperada

Mas tem também os que só atrasa
Que finge de amigo e só te arrasta
Oferece o fim como graça
E você, vacilão, abraça
E se arrasa
Quando percebe que é só amigo de taça
Acabou o din já era a amizade que não era de graça

Ai entra aquela sem falsidade
Que te traz de volta pra realidade
E aí você vê quem é de verdade
E entende que o amor é pilar da amizade
Que amigos são os irmão
Que agente escolhe e não deixa na mão
Mesmo quando nos vemos em confusão
A amizade cobra porque dói no coração
A falta que faz quando se desfaz a união

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Recomeço do fim

Tantas vezes eu senti
Estar lá, estando aqui
Nasci, cresci, morri
Mas não sucumbi
E renasci
Ainda falta um tanto assim
Pra poder ser o que quero de mim

Quantos gritos dados não foram ouvidos?
Quantos novos caminhos foram perdidos?
Quantos momentos não foram vividos?
Quantos passos dados foram esquecidos?
Pra não fazer, foram vários os motivos...

Quantas vezes suei frio,
Boca seca, tremores, arrepio...
É tio...foram várias mão
Que eu perdi a razão

E enlouquecido, entorpecido
Pelos remédios prescritos
Um Eu dopado, adormecido
Tentaram me calar, mas ser zumbi não é comigo:
Revelação dos meus escritos

Visões além, de uma ótica marginal
Mira laser que ilumina o astral
Transcendência de corpos, estimulação cerebral
Escape pra depressão social
Que é o mal
De quem nasceu pra ser portal

O tiro que saiu pela culatra
Pílulas e cápsulas
Eram pra me socializar
Mas só sobrou idéia marginalizada

Que estraçalha vidros e vidraças
Treme o chão e derruba muralhas
Com as rimas pesadas
De uma vida mal tratada
Então tira a criança da sala
A boca suja é desleixada
Fala mal até da pátria
Que lesada, muda partido, escândalo e não muda nada
É sempre as mesmas caras
Que rouba e mata
Quem mal sobrevive na quebrada

Tantas vezes vi
O escuro sobre mim
Procurava um jeito de sair
Tantos tropeços que cai
Mas hoje posso ouvir
Que estou bem assim
Fazendo do feixe de luz um recomeço do fim
Atravessando a ponte sem saber pra onde ir
Do outro lado, o que que tem ali?

Perambulando,
com as pernas pesadas se arrastando
Faltou coragem, faltou ânimo
Quantas vezes me peguei pensando
'Porra, não tô mais aguentando'

E por pouco não fiquei no meio da travessia
Mas sabia que dependia de mim, minha filha
E novos sentimentos se formaria
Afinal, agora eu tenho uma família
A zelar,
Novos planos pra sonhar
Fins de semana no parque pra passear
O crescimento dela acompanhar
A busca da luta pra formar um lar
E deixar o que passou pra trás
Aqui jaz, escuridão
A alma agora fala pelas mãos
Aliviando a tensão
Dando vazão ao que sente o coração
Trazendo luz ao breu
Do novo Eu que renasceu.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Maria dá Pena

Sociedade bastarda
De mente fechada
Que o machismo propaga
Fazendo vitimas caladas
Da violência que vem de graça
Já não bastasse de lá de fora as desgraça
O inimigo também ta em casa
E maltrata, até que mata
Moralmente, fisicamente
E com medo umas até mente
E mesmo com os hematomas aparente
Fala que tá tudo bem pros parente
E não leva em frente
Por saber que a justiça não defende
Quem dá a vida, morre cruelmente
Culpa da herança de um passado presente
Que dita que a mulher é ser servente
Mas não mano
Ela também é ser humano
O mais lindo e abençoado,
É das guerreira que to falando
Pra trás tamo andando
Se nesse momento tem uma apanhando
Outra só imaginando
Sabe que o marido ta no bar entornando
Prevendo o desfecho da noite, fica esperando
Mais uma mãe em prantos
Sofrendo pelos cantos
Vergonha, um lixo é como me sinto
Ao ver rosas arranhadas pelos seus próprios espinhos
Falta ar, da vontade de ficar pelo caminho
Foda é viver e ver que o agressor não é sozinho
Com a omissão dos vizinhos
Porque você sabe como é né?
Esse lance de não meter a colher
É omissão contra a agressão à mulher
Mas o mundo gira,
E quem sabe um dia
(Espero que não)
Não seja sua filha
Se sentindo uma ilha
Sem contar com a família
Se sentindo sozinha
Entre socos e murros perdida
No inferno que o homem trouxe em sua vida
É o que digo, falta empatia
E vergonha na cara
Pelos silencio e descaso de uns
Aquela que não morre, se mata
Ao continuar sempre apanhando do mesmo cara

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Vagões da vergonha

Vagão da vergonha

Ela passa, ele olha
Ela para, ele não
Ela ignora, ele força

Ela é, não se exibe
Ele é, insiste
Ela se incomoda
Ele não se importa

Ela se sente um lixo
O lixo, se sente
Eles vêem isso
E nada faz aquela gente

Ele não se toca,
A toca
Ela, indefesa, chora
Ela não gosta
Ele força

O balanço do trem apertado
É desculpa pro homem safado
Ela se afasta, tem pouco espaço
Ninguém vê a sujeira do lado

Sociedade machista,
'Mulher submissa'
Assiste tudo de forma omissa
Quero ver quando for sua filha

Beleza agrada os olhos
Mas não convida corpos
Desconhecidos a esfregar órgãos
Assédio, abuso, é mal negócio

Falta amor, falta respeito
Sobra nojo, medo
Falta segurança, falta esperança
Sobra maldade, falta hombridade

E quem leva a culpa hoje
É a mulher que é doce
pelo homem que é podre
Sociedade de ponta cabeça está hoje

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Governo ideal

O que faz você pensar, escolher
Um governo ideal para você?
O que fulano precisa fazer,
Ter feito, falar ou prometer?

Porque nessas consultas internas
Refleti que esse lance de política externa
É o que menos importa
Representatividade é a palavra da moda

Voto porque é da minha igreja...
Voto porque é do meu time...
Voto porque leio veja...
Voto porque é o partido que decide...

Voto porque sou engraçado...
Voto porque sou gay...
Voto porque sou enganado...
Voto porque não sei...

E ai se escolhe uma só bandeira:
A tua
E é crise se não cumprirem com a responsa
Que é tua

O governo não investiu na água
Secou a fonte!
Precisou da multa e da falta
Pra economia ser feita no fronte

Muito se discute sobre corrupção
O que tira a atenção
Pro abandono da saúde e da educação
'Governo bom é aquele que me dá condição'
Mas condição de que irmão?

A favela ter WiFi é legal
O preto na faculdade, ó mó moral!
Tiazinha que andava 30 ano a pé
Já tem seu 'pois é'
Da hora né?

Se não faltasse remédio pro José,
Professor pro André
Se a Maria, como mulher que é
Não fosse tratada como uma qualquer

Se a segurança do rico
Não fosse a opressão ao pobre menino
Que só lava vidro

Se a noite não houvesse tiros
Como o que mataram o inocente filho do velho seu Tonico
Que apenas foi tomar uma com seu amigo....

É...
Tem muita coisa mais importante pra fazer...do que ter
Apontar culpados é necessário
Dinheiro nosso não pode ir pro ralo
Mas também temos que nos impor
Nos dar mais valor...

Não queremos brindes, esmolas...
Queremos mais hospitais e escolas
Qualidade de vida onde nóis mora
Poder comprar é legal
Mas se não puder usar,
Pra que ter afinal?

O que nos oferecem é muito pouco
Crédito, cotas, poder de compra
Armadilhas onde o pobre se arromba
Enquanto as necessidades sociais, ficam na sombra

Governo ideal é poder ter
E ter mais que você
É querer que caia do céu
Sem que você cumpra seu papel

Ai fica fácil, primeiro mundo:
Nike roubado no pé imundo.

domingo, 13 de setembro de 2015

Assim se fez trinta

Diferente do que imaginaria um dia.
Ao contrário do que me exigia.
A vida quis assim e assim seria
Tristeza, melancolia...
Assim se fez trinta...
As vezes pensei: 'muito mais que eu merecia...'

Várias viradas, várias etapas
Vários tropeços, tombos e recomeços:
São vários brigando consigo mesmo
Tentando achar onde tá o erro

Várias recompensas:
Sapiência,
Esposa e filha:
Familia, a essência
Três décadas de vivência
Haja paciência
'Ver além', lembra?
Poesia não é ciência
Transcende a consciência

Nos desvios aprendi novos caminhos
Quando me vi perdido
Desorientado, sem sentido
Novos aprendizados, absorvidos
E assim, trinta anos se fez intensos e vividos

Descontente com a humanidade,
Sinal que ainda há vida
Porque viver na comodidade
É ter a existência perdida

O pulso ainda pulsa novas oportunidades
Nada vem na hora errada, é verdade
Uma filha que inspira
Uma familia unida,
Coisa mais linda
E assim se fez trinta
Fazendo da vida,
poesia todo dia

Sobre os índios

O descaso da população com seus irmão
Vai contra o sangue que pulsa do seu coração
Os sobreviventes gritam, clamam por socorro
Você não vê que é a origem do nosso povo?
Erramos em 1500 e tamo errando de novo

Arrancamos suas raízes à bala
Sangue urucum que escorre na vala
Auschwitz brasileiro
Fascismo por dinheiro
Agronegócio da China
É dizimar um povo inteiro

Chora o curumim
Pois a situação tá ruim
Índios perdendo pro gado
Fazendeiros, pela terra, senta o aço
E o povo civilizado cruza os braços
Chora pela europa e seus refugiados
Se cala ao genocídio que acontece aqui do lado
E por falar em lado
Todo mundo defende o seu
E no meio da guerra de egos inflado
Uma bandeira se perdeu
E todo um povo sofreu
Um pais em guerra contra os seus
De olho na terra de quem não se rendeu
E sua cultura não vendeu

Usam da covardia branca
Contra quem luta com armas brandas
A natureza ancestral de um país na corda bamba
E fulano já pensando no próximo enredo
Da sua escola de samba

Entre bandeiras, lados opostos
Vamos nos unir pelos indígenas e seus povos
Defender e fazer justiça
As tribos são do país a nossa periferia
Não podemos nos calar
Suas vozes precisam ser ouvidas
Assim como aqui tem chacina
Lá também tem covardia
Precisamos ajudar quem foi reduzido de nativos, pra minoria

Não podemos deixar que os índios entrem em extinção...
Já basta o que fizemos com nossos irmãos
Passou da hora de darmos as mãos
Brancos, negros, índios, estrangeiros
Um só povo, uma só nação
Uma só vida pra mudar a situação
E deixarmos um mundo melhor pra próxima geração

Um futuro melhor, eu quero!
Você não?

Eu, poeta

Poesia alimenta a alma
Mas não sustenta o corpo
Que desnutrido fica louco
achando que precisa só de ouro
E quando vê além
Vê que o pão da vida era outro
Então faz assim, chega de sufoco
Pro amor esteja sempre disposto
Fazem parecer que é mamão,
Mas na verdade é mó osso
Viver é carne de pescoço
Abraçar qualquer idéia é perigoso
Tem quer ser ligeiro, ver com o próprio olho
Pensar com o próprio globo
Se não é só mais um tolo
Visando a fatia do bolo
Não viu que foi feito de bobo
Agora é tarde, né?
Caiu na rede e agora dorme em pé
Vagando nos vagão apertado
Pique atum esfolado enlatado
Sentido à Sé,
Coitado!
Acende mais um cigarro
E pensando só, notou que faz tudo errado
Por isso nunca é bom o resultado
E cabisbaixo, outro trago
Desabafo...
'Esse mundo tá cheio de safado,
Tudo farinha do mesmo saco!
Mas se to no meio, o que que eu faço?
Tô cansado de fazer papel de palhaço
É imposto, preços altos, é tanto gasto
Na rua me tratam com esculacho
Se eu vacilo, eles sentam o aço
E desempregado a essas hora, é mó atraso
Familia pra criar, despesa é mato...'
Pois é irmão, to ligado que não é fácil
E que muitas vezes o final é mais trágico
Nesse mundo hostil, onde tudo é prático
Lá se foi todo aquele mundo mágico
Ilusório que mostram no fantástico
Cada um por si não pode ser
Não quero ter se for pra tirar de você
Ai eu acho que podemos nos entender
Começando assim, já é meio caminho dado
Fazendo o certo não tem como nada dar errado
Você ta ligado
Nóis é lado a lado
Quando estamos centralizados
Se pender só pra um lado, ta esquisito, bagunçado
Ódios amontoados atingindo quem deixa o amor de lado
Pobres coitados,
O corpo perece se o coração tá fechado
A alma reclama quando os olhos estão vendados
A poesia pulsa quando o eu ta incomodado
A voz que grita do homem calado
Que adoeceu por estar blindado
Agora recita a vida aliviado
Poesia é a fuga do refugiado
Que nutri a alma mas não sustenta o corpo
deixa a alma leve mesmo com o corpo pesado
Voando em céus onde antes era barrado
O poeta Eu abre espaço
Pro Eu que anda parado
Novos ares, novos mundos
Novas experiências, novos contatos
Novas rimas, novos hábitos
Novo Eu que antes acomodado
Agora sonha acordado
Fazendo de cada instante
Um novo verso registrado
O livro branco da vida
Agora ta todo rabiscado
Bolsos vazios, coração abarrotado
Um Eu ainda sofre e pensa nos boleto atrasado
Mas se não da pra dinheiro fazer
O poeta faz o que aprendeu a escrever:
Mais uma poesia para se ler
E quem sabe até esquecer
Pra lembrar que o din, não fala por você!

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Setembrochove!

Chuva molha tudo
Desde o seco até o úmido
O que vem de cima atinge todo mundo
Suja o limpo e lava o imundo

Chuva que molha agora
O mundo lá de fora
Criança brinca na poça
Cuidado com a chapinha, senão enrola

Chuva molhada, abençoada
Saudade todo mundo tava
Mas o transito trava,
E tem quem se ataca

Chuva sonífera
Que cai no telhado
Preguiça infrutífera
Hoje só quero ficar deitado

Chuva que chove
Tem quem não goste
E que seco engole
Pois sabe que a seca, só ela resolve

Chuva que lava o sangue da escada
Afugenta os manos das calçada
Molha o papelão e sua tralha
Mas o planeta precisa de agua

Chuva que enche os baldes e tigela
Chuva que hoje não da trégua
O planeta precisa de mais dela
Não apenas pra encher a cisterna

Mas pra irrigar nas pessoa,
As flor que vivem nela
Porque logo é primavera,
E se moscar...já era!

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Independência ou morte

Independência ou morte?
Morremos...

A grande farsa que muitos não vê
Democracia, achar que livre é você
Que fazem só aquilo que você escolher
Tá bom, se é assim, você faz por merecer...

Não sou economista, sou mera estatística
Mas vendo além, sou mais realista
E de vestígios de colonizados, se pá, da uma lista

Mudou apenas a forma de colonização
Antes era só Portugal, agora é globalização
Alem dos vampiros da própria nação
Que extorque o povo com a corrupção

Me diz como se sente,
Acha mesmo independente?
Pegando trânsito, busão lotado
Pagando imposto, chefe emburrado
Se vendendo por alguns trocados
Não sei, mas acho que você foi enganado...

Independência é ilusão
As margens não são plácidas
São sujas pela poluição
E até hoje roubam a nossa pátria

Continuamos colonizados,
enriquecendo o patrão,
Pelo cifrão escravizados
Dependentes de um padrão
Que nos mantém aprisionados

Crise na China, na verba, o corte
Irmão perde o trampo, governo enche o cofre
E nessa briga pelo malote
Muitos não dão sorte
E gritam 'independência ou morte!'

E já era, mais um de fura na mão
Predisposto a puxar o cão
E lá se vai mais um irmão
Vitima da ilusão
Que por achar-se independente
Fez justiça com a própria mão
'Se eu não tenho, ele também não'

E na beira do córrego fedido
Um barraco todo fudido
Independente, povo traído
Se deixou levar pelo grito:

Independência ou morte?

Caímos no trote
Do sistema que até hoje brinca de fantoche

sábado, 5 de setembro de 2015

Anjo sem asa

Toda igreja tem uma escada
Talvez seja pra reforçar a ideia de templo
De subir, ascender, céu, do altíssimo, morada...
Que eu subi uma dessa já faz tempo...

Mas quando subi, eu ouvi,
Li e até vi
Uma historia de quem morreu por mim
E por todos que estavam ali, só ali...

Muitas coisas fingi que nem ouvi
Outras, no entanto, me fazem refletir
E ver que independente, faz bem repetir
Praticar o bem? Pra que resistir?

E uma das coisas que aprendi
É que Deus reina em nóis, e não ali
Que o amor é fogo, não é estático
Então pra que palácio
Espetáculos programados,
Fiéis automáticos?

Ele está em você, irmão!
Você é parte do indivisível
Só não percebe
Porque ta contando o divisível

E na porta da igreja, disparos
Corpos entrelaçados
Um fugiu, um escorado, outro caiu
E pra mim ficou ainda mais claro

Morador de rua, sem nada a perder
Teve mais amor que você
Que vê tanta coisa acontecer
Filma, comenta, mas, nada de socorrer

E aquela história me veio a mente
Do cara morto inocente
Pra salvar aquela gente
Vivia como indigente

E o ato heróico, foi na igreja,
do lado de fora
Quem dentro estava
Só vai saber quando for embora

E o que vão dizer, repetir na TV?
Que herói você não deve ser
Morrer pelo outro, pra que?
Não reaja, deixa acontecer...

Já pensou no que seu Deus pensa de você?
Qual opção você ia escolher:
Fugir, se esconder,
Socorrer ou pagar pra vê?

Porque meu amigo,
Ele não tem casa....
Cada um de nós
É um anjo seu, sem asa

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Era da sobrevivência

Não se trata de fechar o olho
De não querer ver
O foda que escrevo, você não lê
E eu, fraco, prefiro não crer
Que o que escrevia, ta começando a acontecer
Você não lia, mas agora vê
E chocados todos estamos
Ao ver que ponto chegamos:
Chacinas, porcos, estado islâmico
Uma criança na praia que não estava brincando
Chegou ali boiando
Em meio ao caos que criamos.

Já falei, não quero ver!
Chega de sensacionalismo...
Pra você, bastou acontecer
Infelizmente, foi mais duro do que podia ser
Mas assim teve que renascer
A empatia que ousou-se desaparecer
E o final é esse memo que se vê, na tv
Mas que ta mais próximo agora de você.

Não foi o fim
E isso que mais dói em mim
Os 5 pontos na mão não é nada
Não faltou aviso, mas a realidade lhe pegou despreparada.
Mudanças climáticas, fome, guerra
Questões religiosas, politicas: imigração é sequela.
Quantas pessoas atingidas?
De vítimas a foragidas
E o final é o mesmo:
Dignidade fodida, perdida
Humanidade extinguida.

O inferno na terra
As trombetas berra
Independente do que se crê
Creia no que se vê
E veja alem,
Por mim, por você
Será que vai da tempo deles crescer?
O que fazer?
Humanidade acordou pra era da sobrevivência?
Menos lucro, mais partilha
Menos ego, mais clemência?
Ou é apenas demência
Eu acreditar na cura da cegueira
Se ainda lucram com a doença?

Oh meu Pai...
Onde vamos chegar?
Crianças ao mar,
Mulheres congeladas
Homens com cabeças decepadas
Fronteiras fechadas
Polícia que mata,
Puta que o pariu!

E agente preocupado com o lado
Hostilizando quem agente acha que ta errado
E o problema na humanidade centralizado?
Só eu vejo esse quadro?
Quem nos deixou nesse estado?
O que é que faço
Pra que tudo vire passado
E minha doce menina cresça pra um futuro melhorado?
Será que ainda dá, ou estamos atrasados?

Respingos, destroços, resquícios...

Juntando os cacos da louça que me rasgaram,
E os retalhos que sobraram
Da alma que violentaram
Buscando o ar da esperança que afogaram
Em pleno mar, livre que é, terra de ninguém
Em seu movimento de vai e vem
Abrigou a quem,
Só tinha esperança também....

Ponto fraco

Na moral, sou fraco!
Fraco pra caralho...
Não há droga que traga barato
Ao ver a humanidade em colapso

Sou grande, gordo, barbudo,
Sou agressivo na poesia e faço cara de mal
Mas tem coisa que me deixa mudo, murcho
Todo mundo tem um ponto fraco, afinal...

O meu é ver criança sofrer...
Já vi a minha quase morrer
E essa sequela ficou
Assim com os anjos
que ao lado dela nos deixou

Me nego a ver,
Luto com a própria visão
Hoje não quero ver alem
Prefiro crer que é ficção

Mas descobriram meu ponto fraco...

E mesmo que seja como denúncia
Não quero ver, minha alma recusa
Mesmo sabendo que não é a primeira
E que nem será a última!
Que não é só lá,
Mas aqui também,
Não dá!

A foto insiste,
a sociedade esfrega na minha cara
Mas meu Eu resiste,
O rosto desvia, a lágrima escapa
E mesmo assim,
A imagem não sai de mim...

Sugaram minhas forças...

Minha alma chora...
Em lágrimas, afogaram minha esperança
A imagem choca
Ao ver na praia, aquela criança...

Ali jaz, humanidade!
'Descanse em paz'
Quem ousa escrever na lápide?

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O corte

Na rima do ponto
Eu conto
Um conto:
Da xícara um tombo
Na mão, se pá, uns 10 ponto
Só sangue voando
Que me deixou tonto
E pronto
Maneta por enquanto
Uns dias de descanso
Sem escrever ou nem tanto
Depende da alma o quanto
Grita em prantos
E o quanto em meu canto
Sou capaz de deixar a alma falando
Mas eu volto, só Deus sabe quando...