quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Escrever é Missão

Lá fora o vento balança a arvore, luz amarela: noite caindo
E eu testando cada um dos meus sentidos
Paro, penso, reflito:
Por tudo que passei e ainda vivo fico
Sei porque ainda resisto
Minha família, o meu melhor registro
Parece sonho antigo
História pra filme gringo
Quando me vejo, me pego sorrindo
Olhando pra tv sem nem ta assistindo
Na energia da mente eu vou fluindo
Nadando contra a corrente nesse tsunami mental
Vou mergulhando enterrando aquilo que me faz mal
Em tempos de caos moral
Auto conhecimento espiritual é essencial
Senão cê num guenta:
Cotidiano imposto de forma violenta
Que nos atenta
Faz pensar estar perdido na tormenta
Experimenta!
Saia da caixa pequena
Ganhe o mundo quebrando suas algemas
Periferia é solo fértil, terra preta

Mente pensante pra eles é problema
Só nos oferecem como solução
Violência extrema
Ditando as regras da guerra que eles tem na mão
Manipulando peças, quem é herói e quem é vilão
Aniquilando e controlando quem não se livrou da escravidão
E nóis colabora compartilhando ódio ao invés de compaixão
Amor pelo cifrão
Indiferença pelo irmão
Cobiça, frustração
Mídia, ilusão

Somos tratados como otários
Que se rasteja por um salário
99% da população funcionário
Mas aquele 1% é milionário
Onde impera o descaso
Matam até a mãe se for necessário
Se seu dinheiro estiver ameaçado
Recursos naturais cada vez mais escassos
Em nome do lucro
Mãe natureza sofre abuso
E sobra pra todo mundo
Mas quem sofre
É a classe mais pobre
Que chora cada vez que chove
Já prevendo o barranco que cai e a água que sobe

Longe do centro, peças postas
Vivendo de sobras nas encostas
Onde o estado lhe vira as costas
Com o perigo a sua volta
Sendo feitos de idiotas
Pela mídia que te joga falsa cultura que te sufoca
Enchendo sua cabeça de bosta
Fazendo você se voltar contra seus iguais
Omitindo as falcatruas reais
E você pagando sempre mais
Cotação das bolsas pro patrão nos jornais
Mas o kg do tomate a 12 conto na feira é demais
Ai eu te pergunto:
Cadê as noticias do seu mundo?
Pra periferia o jornalista fica mudo
Noticia aqui é só sobre mais um defunto

Por isso não me iludo
Por onde passo observo tudo
Esgoto a céu aberto, rua de terra e mãe de luto
Cotação do dólar não me interessa
O que eu quero é um ensino acima da média
Por mais cultura periférica
Que cada um aprenda a lição:
Se rap é compromisso, escrever é missão!
Literatura marginal é a voz daqueles sem condição
Cultura, conscientização
Empoderamento, valorização
Arte que denuncia e alivia
Hoje a periferia grita em forma de poesia
Enquanto eles cantam a morte
Agente rima a vida

-daLua

#LiteraturaMarginal

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

3,80 é violencia

Por centavos
voam estilhaços
de bombas atiradas por quem defende empresários
enquanto os pobres coitados
Pagam caro pelo transporte cada vez mais precário
Fazendo papel de palhaço
Apanhando pra caralho
Segurança publica é estelionato
O ódio é o objetivo
Segurança é só um ócio do ofício
Tá cada vez mais dificil
Sobreviver sob domínio
Apanhar por defender o mínimo
Na base da opressão ditam o ritmo
1 bomba a cada 7 segundos é inadmissível
Governo desprezível
Prefeito omisso
Basta manifestar-se pra correr o risco
Dinheiro público em bomba é desperdício
Fechar avenida pra evitar bloqueio é ridículo
Mas tem quem ache bonito
Não paga passagem mas paga o mesmo por litro de combustível
Invalida a luta por mero comodismo
Votar errado é uma forma de suicídio
Incentivado a cada comício
Abril mês da mentira, outubro do cinismo

3,80 é violência...

-daLua

#LiteraturaMarginal
#VerAlem
#3e80oPovoNaoAguenta

domingo, 10 de janeiro de 2016

Desigualdade

Fruto e bicho do capital
Até o tráfico é desigual,
Pros boy, os puro, natural, alta qualidade
Pra nóis o sangue, o fumo ruim e a maldade

Pra eles os 12 ano, charuto cubano
Enquanto brindam com vinho italiano
Aqui os tio morre com corote e cigarro contrabando

Pra eles o estudo, a cura, a pesquisa...
Pra nóis a doença, morte, estatística
Mais um paciente do SUS que entra na fila

Pros boy: as marca importada
Pra nóis: ostentar com roupa pirata
Kopenhagen e sonho de valsa....

Pra eles o medo
Pra nóis, o preconceito...
Eles tudo querem, tudo pode...
Pobre, só fica com o resto e só se fode...
4g, fibra ótica
Pacote de dados, tv analógica

Os futuros médicos deles
Estudam a vida em nóis
E quando acertam são nossos heróis.
Quando erram, a morte é o algoz

E como no sentido da sequência:
Direita pra esquerda
O volume minimo e o máximo
Nos colocar por baixo já é automático

Os boy no ar condicionado
Os pobre respira poluente do ar parado
Abafado no ônibus caro e lotado
Pra eles a segurança, pra nóis o esculacho
Pra eles os milhões,
Pra nóis os centavos
No bairro deles tudo é perto
No nosso é longe pra caralho
É a distância entre o patrão e o proletário

Pra eles as flores,
Pra nóis os jardins:
Jardim Miriam
Jardim Aracati

Centro, boemia
Periferia, chacina
Lá, mansões de todas as tintas
Aqui, barraco laranja e cinza
Nóis é ladrão, eles?
Tem cleptomania

Pros boy, o amor, poema
Nóis é dor, poesia
Dizer que somos iguais: hipocrisia

-daLua

#LiteraturaMarginal
#VerAlem
#Desigualdade

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Visão Alem

Visão alem de longo alcance
Sempre de olho no lance
Querem me limitar, quero que se dane
Distúrbio mental, não há nada que me programe
Então não se engane
Não mexa com minha gangue
Literatura marginal que chega causando pane
É tanto sentimento que causa até derrame
Ore, reze, clame!
Deixa com nóis que nosso corre é o reclame
Os verme dos palanque
Pra tumultuar chegam em enxame
Depois que se elegem é só vexame
Pouco conteúdo pra muito vasilhame
Seja diferente, ame!
Se for pra odiar, nem me chame
Chega de mimimi, de briguinha infame
Com seu dinheiro, faço origame
Em choque fica as madame
Não compreendem e me olham de relance
Mas não se engane
Com todo mundo perdendo um pouco, não há quem ganhe
Poesia foi pra mim minha segunda chance
Minha filha, meu amor, o mais lindo romance
Coração espanca forte esperando que eu declame
Ver além todo instante
Não importa quem reclame
A vida é jogo, quem não joga que dance
Conforme a música que bate nos falante
Ideia abundante
Recado dado de uma mente que não chega a ser brilhante
Mas que pensa bastante
Transformando em rimas impactantes
A angustia de um ser pensante
Contra a alienação dominante
Marginalidade poética viciante
Quem quiser chegar, só colar, vamo adiante!

#LiteraturaMarginal
#VerAlem

domingo, 3 de janeiro de 2016

2016

2016

As ruas desertas
Os comércios fechados
Rojão pipocando lá no alto
Anuncia que mais um ano é finado
Já era, quem fez cumpriu
Quem mentiu na promessa não progrediu
Outra véspera
Outras idéias
Novas e velhas promessas
Mesmas conversas
Vai de branco, amarelo, não interessa
Tem quem corre com pressa
Outros desconversa
Chegar em 17 vivo é a meta
Seguir a seta
Ir adiante
Buscar o sorriso mais irradiante
Pra tornar esse pedaço de mundão mais brilhante
Pera um instante!
Ano de livro na mente e não na estante
Sem contar a luta que é muito importante
Céu azul cinzento, concreto impenetrante
Fogo no busão, na catraca
Libera o hidrante
A policia sempre vai mais adiante
Não perdoa nem estudante
Mas baba ovo de qualquer governante
Revoltante!
Salário minimo subiu
Mas com passagem a 3,80
Não sobra nem pro refrigerante
Impressionante
População ignorante
Manipulada deixa de ser pensante
Pra ser tolerante com os farsante
O calendário virou
Da fartura só ossos sobrou
E o problema continuou
Pra pobre é sem idéia
Não tira férias
Choveu forte, alagou
Todos os móveis boiou
Aí moiô!
Mais um ano começou
Eleição em outubro,
Explica a obra que recomeçou
Mas não explica porque que atrasou
2016 depois de Cristo
Lembre pelo que você brindou
Lute pela vitória que ainda não conquistou

-daLua

#LiteraturaMarginal
#AnoNovo