quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Éssipê

São Paulo, demônio de duas caras
Te diverte e te ataca
Onde quem protege,
É também quem te mata

Monstro da falsidade
Em forma de cidade
Onde o inverno é quente e o coração frio
E tudo é cheio de corpos vazios

São Paulo, terra da diversidade
Onde o preconceito invade
Dando fim à sua falsa liberdade

Terra de oportunidades
Muitos viadutos pra servirem de lares
Portas abertas aos imigrantes
Hospitalidade onde o ódio é o semblante

A cidade que não para
Mas também não anda

São Paulo da gastronomia
Onde milhões passam fome todo dia
Da antipatia da burguesia
Que contrasta com a alegria da periferia

Cidade locomotiva do Brasil
Com poucos trilhos e motor a frio
De coração financeiro
Pra capital do desespero

São Paulo, cidade do medo
De escolas vazias, botecos cheios
Cadernos limpos, muros riscados
Carros velozes e trânsito parado

Metrópole poliglota
Onde as pessoas não se falam
Chuva ácida, cimento fértil
Onde a marginalidade brota

São Paulo do céu gradiente
marrom azulado, seco ardente
Cidade da fome e também da sede

São Paulo, terra do desapego
Cidade que amo
Mas que também odeio
É desse jeito, éssepê, fica ligeiro!

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