quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Paraíso

Você já parou para pensar, né?
A vida num paraíso como é:
Casinha a beira do rio, agua limpa, fruta no pé...

Dormindo ao som da correnteza
Acordando com os sons da natureza
Acordado pra vida, repleto de certezas.

Mas na busca do querer sempre mais
Amaldiçoado serás!

Dinheiro, o fruto proibido!

Viverás à beira de um córrego fedido
À sombra de urubus famintos
Sem rosas só espinhos
Dos arames farpados
De um pedaço de concreto loteado
Acordando com tiros disparados
E dormindo sob efeito de remédios controlados

Onde se semeia no árido
Nem sempre brota o aprendizado

Do mais miserável ao mais notável homem
Sobreviventes em meio a fome
Não é questão de sorte

O início do processo de extinção
É irmão matando irmão
Em seguida a próxima etapa:
novas doenças e alimentação fraca

E enquanto agente se degrada
Verás que batido ninguém passa
Todos sofrem com os efeitos da causa

No gatilho: um toque
Os opostos entram em choque
Controle da população pobre
Através da violencia, moeda de troca
Dizimando a raça numa guerra onde não há tropas
Apenas uma maioria em malocas
No que um dia já foi o paraíso
Herdando somente o prejuízo
De quem transformou paraíso em inferno
Só para não ter pobre por perto:

'Fiquem com os rios, os morros, os vales...
Fiquem à vontade!
O plano é nosso, o centro da cidade
Recolham os lixos, construam seus lares'

E a maldição se concreta:
O paraíso já era,
Virou favela!
O córrego serpenteia o morro margeando as vielas
A natureza já não desperta...
O chiado do esgoto já faz parte dela

Periferia vai muito alem da geografia
Favela tranquila é coisa de novela
Falo por aqueles de vazias panelas
De onde choram os poetas...

Arma, caneta ou pedra?
Você tem essas opções, vê se não ramela:
Escrever a própria história
Ou engolir a do cidade alerta?

#LiteraturaMarginal

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