domingo, 27 de março de 2016

Céu Nublado

Em noite de um dia cinza
De uma vida sínica
Só os olhos da menina pinta
O único feixe de luz que brilha

Tinge o fosco olhar apagado
De quem vive monocromático, apático
Vendo a vida em piloto automático
A espera de algo mágico
Que o tire do buraco

Já experimentou alguns magos
Mas ainda se sente magoado

Tantos anos jogados
Vários remédios tomados
Cercado de querer bem por todos os lados

Mesmo assim o poeta não sorri
Escreve pra não chorar
E não se ver sumir por aí

A dor não lhe esquece e vem visitar
Cutucar pra lembrar
Que é nesta alma que veio morar

Então resta apenas pensar
Tirar palavras e ordenar

Um sentido procurar
Pra poder continuar
Ver até onde se pode chegar:

Aqui? Ali?
Em qualquer lugar...

Parado é que não quer ficar
Mas não encontra forças para se movimentar

E adormece...

Dormindo quem sabe esquece
Do chão que lhe desaparece
E apagado se torne leve
E que os sonhos o leve

O carregue pra outro plano
Onde o plano é a plenitude
E que enfim mude
Tenha animo e atitude

Pra reverter e viver
Não só sobreviver

Emanar positividade
Em cada frase

Passar de fase

Reviver os tempos da lage
E abaixo das estrelas do céu nublado
Encontrar em si algum significado

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