domingo, 12 de junho de 2016

De rolê

Com a certeza de que ninguém vai sair
E que ninguém mais vai chegar
Ele sai...
Vai procurar sua paz

Sob luzes amarelas
Vai desbravando a quebra
As ruas, as travessas
Aos vira-latas, observa:
Cada cão do seu jeito se preserva

As ruas vazias, o comércio fechado
Andando só sob postes apagados
A neblina cagueta os raios entre os galhos

A lua sorri lá do alto
Pena que são poucos que entendem o recado
Pra ele, cada passo é aprendizado

Ele olha pro céu:
Lá, as estrelas...
Aqui embaixo ele,
desejando tê-las

Por um momento se encheu de certezas
O mundo doente ainda preserva suas belezas

Dos dias de calor, das madrugadas frias
Dos fracassos da luta contra a melancolia

O vazio da noite o convida
A ser quem quer na vida
O silencio que lhe falta no dia
Faz com que se inspire e reflita

Calmo, ele caminha
O sereno é a sua companhia
É sozinho que se entra em sintonia:
Trampo, casa, rotina...

Deixa pra lá,
Ninguém vai roubar a sua brisa

Nessas horas, maluco pensa em varias fitas:
na filha, na esposa, na família...
Nos novos amigos, frutos da poesia
E quando um sorriso lhe escapa,
É que já ganhou o dia

No deserto das ruas o frio predomina
Na calada todos os ratos são cinzas
Mais uma noite que termina
Mais um dia de provação que se aproxima
Hora de voltar, preencher a cama vazia

A cada fuga, um alivio imediato
Da vida um retrato,
Um relato de quem sobrevive no ambiente errado
Mas por ora, volta relaxado

O portão antes barulhento fora lubrificado
Durante o dia, deixou tudo preparado
Ele chega no sapato
Sem ser notado

Amanhã já acordará cansado
Sufocado sem espaço

Apenas esperando escurecer
Por mais alguns minutos de prazer
Que só a solidão da noite pode oferecer

Nenhum comentário:

Postar um comentário