sexta-feira, 10 de junho de 2016

Ninguem quer chegar por ultimo

Quando penso no alivio de um momento
de um novo caminho...
De uma nova avenida que se cria
Penso também quantas dali foram tiradas as vidas
Empurrados da periferia para alem da periferia,
Pra margem da margem...
Com a passagem só de ida
Mobilidade às custas de moradia

Em troca de um alívio no trânsito
Pra mais longe os mandamos
E nas beiras vamos os isolando
O acesso dificultando
com o transporte que tá faltando

Descasos mundanos,
refugiados urbanos,
Aqueles humanos que nós abandonamos
São vitimas do avanço
das consequências que causamos

Quanto mais o centro expande
Maior a área de tensão
Periferia segue adiante
Com versos na contenção
Poesia que arrepia
mas também denuncia

Menor metendo o cano
Nas tia no ponto que estão esperando
O busão pra ir pro trampo
Sistema cão, cada um correndo por um Adianto
A violência nem causa mais espanto
A sociedade só se comove quando o cadáver é branco
Se for rico, é mó escândalo

Na pista: trânsito parado
Nos carros: seres isolados
No busão lotado
Quem ta sentado
Ta olhando pra baixo, conectado

Será que não percebe o Estado
Que a cada ônibus articulado
Com serviço no mínimo agradável
É menos uns 50 carros ocupando espaço?

É uma viagem, cada um na sua velocidade
Indo pra cada canto da cidade
Uns tão indo mais pro sul,
Outros vão meio que pro oeste.
Vários tão vindo da norte destino leste

As motos passam a milhão
Muitas vão até na contramão
Acho isso tão arriscado, irmão...

O que fazemos em troca de uns minutos?
Arriscamos perder toda uma vida por uma fração de segundo
É que ninguém quer ficar por último
E são os primeiros a chegar no túmulo
Vencer é manter-se vivo nesse mundo

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