quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O menino

Que saudade daquele menino
Descendo a rua todo franzino
Com a calça lá embaixo
Andando balançando os braços

A mochila no joelho
Todo largado
Guangueiro nato
A camisa largada
O tênis furado

Andando por aqui
Por ali,
Sem destino
Só queria curtir

Nem ai pra nada
Sua preocupação é a rua
'Foda-se toda essa palhaçada,
De que adianta pedidos de desculpa?
Se o flip não encaixou a culpa é só sua!'

Assume seus b.o.
Desde menor
Dava um, dois trampo
Estudava e ainda namorava
Tempo pra tudo ele ia arrumando

Sonhador, pensador
Canela seca cheia de calo
Acostumado com a dor
Já não liga mais só pro próprio rabo

No skate aprendeu o que é união
Tão contraditório como a vida
Praticar em grupo um esporte de solidão
Sem regras, sem padrão

E assim ele via o mundo
Somos todos um
Não tem primeiro nem segundo
Pode vim roqueiro, rapper, qualquer um
Humildade, empatia e solidariedade
Valores que não aprendi com qualquer um

Que saudade daquele menino
Canela seca, pescoço fino
Hoje eu o vejo é só fico rindo
Será eu ainda esse menino?

Nenhum comentário:

Postar um comentário