segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Menino Pedro (continuação)

Antes de qualquer coisa, releia: Menino Pedro

(...)
E assim cresceu Pedro
Largado ao relento,
Feito bicho, em meio ao lixo
Das ruas não tinha medo
E inquieto ele via e observava
O vazio daquela gente que o ignorava
E então no meio da loucura, a cura!

Porque não?

Me ignoram depois de me jogarem pedra?
Então já era!

Aqui jaz o moleque problema
Hora de devolver pra sociedade o dilema
De menino apedrejado
Para o homem engajado

Pois aprendeu de tanto observar
O que é preciso mudar
Primeiro é a si mesmo
E das pedra largar
Só assim pra poder cobrar
Daqueles que só o fizeram afundar

Depois é voltar
E pras pessoas apontar
O dedo na cara e falar:

'Me jogaram pedras sem pensar
E com eles meu castelo ergui
E da torre eu vi
Você passar por aqui e ali
Que nem eu, que nem zumbi
Mas fissura maior era a sua
Que nem me via na rua
Correndo atrás do seu vício pelo dinheiro
E eu aqui, no cantinho, quietinho
Vendo você no desespero,
Mas hoje eu estou inteiro
E você continua o mesmo
Fui até o fundo sim
E a você eu agradeço
Porque só assim eu vi
o que fazia mal a mim
Suas pedras me afundou
Mas o que você não esperava
É que elas me resgatou
Enquanto você continua esse homem vago
Nadando no raso
Andando sempre pelo claro
Quero só ver,
Quando te escurecer,
O que você vai fazer?
Pra onde vai correr?
Já sei a quem vai recorrer
Vai pedir pra eu devolver
As pedras que me atirou
logo depois que me viu nascer
Mas sinto muito irmão
Já fizeram minha loucura
E da loucura eu valorizei a sanidade
E por ficar tanto no escuro
Sei o valor da claridade
Convivi com a morte
Porque do meu lado poucos
tiveram a mesma sorte
Por isso escolhi viver
Livre das pedras, livre de você.
Então pega seu dinheiro, essa pedra e some
Porque era uma vez o menino Pedro
Agora sou o Pedro, sobrenome homem!'

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