domingo, 13 de setembro de 2015

Eu, poeta

Poesia alimenta a alma
Mas não sustenta o corpo
Que desnutrido fica louco
achando que precisa só de ouro
E quando vê além
Vê que o pão da vida era outro
Então faz assim, chega de sufoco
Pro amor esteja sempre disposto
Fazem parecer que é mamão,
Mas na verdade é mó osso
Viver é carne de pescoço
Abraçar qualquer idéia é perigoso
Tem quer ser ligeiro, ver com o próprio olho
Pensar com o próprio globo
Se não é só mais um tolo
Visando a fatia do bolo
Não viu que foi feito de bobo
Agora é tarde, né?
Caiu na rede e agora dorme em pé
Vagando nos vagão apertado
Pique atum esfolado enlatado
Sentido à Sé,
Coitado!
Acende mais um cigarro
E pensando só, notou que faz tudo errado
Por isso nunca é bom o resultado
E cabisbaixo, outro trago
Desabafo...
'Esse mundo tá cheio de safado,
Tudo farinha do mesmo saco!
Mas se to no meio, o que que eu faço?
Tô cansado de fazer papel de palhaço
É imposto, preços altos, é tanto gasto
Na rua me tratam com esculacho
Se eu vacilo, eles sentam o aço
E desempregado a essas hora, é mó atraso
Familia pra criar, despesa é mato...'
Pois é irmão, to ligado que não é fácil
E que muitas vezes o final é mais trágico
Nesse mundo hostil, onde tudo é prático
Lá se foi todo aquele mundo mágico
Ilusório que mostram no fantástico
Cada um por si não pode ser
Não quero ter se for pra tirar de você
Ai eu acho que podemos nos entender
Começando assim, já é meio caminho dado
Fazendo o certo não tem como nada dar errado
Você ta ligado
Nóis é lado a lado
Quando estamos centralizados
Se pender só pra um lado, ta esquisito, bagunçado
Ódios amontoados atingindo quem deixa o amor de lado
Pobres coitados,
O corpo perece se o coração tá fechado
A alma reclama quando os olhos estão vendados
A poesia pulsa quando o eu ta incomodado
A voz que grita do homem calado
Que adoeceu por estar blindado
Agora recita a vida aliviado
Poesia é a fuga do refugiado
Que nutri a alma mas não sustenta o corpo
deixa a alma leve mesmo com o corpo pesado
Voando em céus onde antes era barrado
O poeta Eu abre espaço
Pro Eu que anda parado
Novos ares, novos mundos
Novas experiências, novos contatos
Novas rimas, novos hábitos
Novo Eu que antes acomodado
Agora sonha acordado
Fazendo de cada instante
Um novo verso registrado
O livro branco da vida
Agora ta todo rabiscado
Bolsos vazios, coração abarrotado
Um Eu ainda sofre e pensa nos boleto atrasado
Mas se não da pra dinheiro fazer
O poeta faz o que aprendeu a escrever:
Mais uma poesia para se ler
E quem sabe até esquecer
Pra lembrar que o din, não fala por você!

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