domingo, 12 de julho de 2015

Idade da Pedra

Numa pequena faixa de céu azul estrelado
Rabisco o sofrimento
De quem vive aprisionado
Dentro do próprio ser, incomodado
Ao ver ao redor o que sobrou do teu lado:
É parede, pedra, prédio, chão asfaltado

Procura-se um pouco do verde
Pra respirar, se conectar
Mas virou crime e foi exterminado
E nós todos condenados
A tragar a fuligem dos carros
Evacuando metais pesados
no trânsito parado
Causando câncer em quem habita em barraco
E também em condomínio caro
O que deixa claro,
Nessa noite de céu estrelado
Que apenas o mal é democrático

Mas todos ficam estáticos
De nariz empinado
Sem olhar para o lado
Com a certeza de que não faz nada errado
E se espanta quando o cano bate
no vidro do seu carro importado
Achando que tava ileso ao social atordoado
De escola vazia e presidio lotado
De árvores caindo e edifícios altos
O sol já não bate mais em todos os lados
Fazendo dos humanos frios e chatos
Vivendo no automático
Racional robotizado
Nem ai pro real aprendizado
Somente interessado
No que tem valor de mercado

É só cimento, concreto, muro alto
Perco o ar, fico angustiado
Ao notar que por futuras ruínas
e destroços estou rodeado
Idade da pedra já não se refere mais ao passado
é o presente e o futuro
de quem só pisa em chão cimentado

É sonhar acordado
Com um mundo mais esverdeado
Com humanos e natureza conectados
Respeito mútuo, espiritualizados
Todos com comida no prato
No inverno, agasalhados
E com o coração ocupado
Repleto de bem, amando e sendo amado
Revertendo todo esse quadro
De desunião e relaxo
De humanos abandonados
Pela ganancia e consumismo alienados
Vivendo cada vez mais trancados
Como animais enjaulados
Com medo da própria raça?
Algo está errado.
O fim já pode ter sido iniciado
Enquanto você corre pro mercado
abastecer o armário
eu vou pro fundo, saio do raso
pra estar um pouco mais preparado
pra quando for feito o chamado!

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