terça-feira, 7 de julho de 2015

Trilhos


De manha bem cedo,
Metro lotado, a caminho do centro
Cada qual com seus tormentos
Uns riem, uns dormem
Outros fecham a cara, deve ser fome
Tem gente com e sem blusa
Cada um vivendo em sua temperatura
Tem os mais frios e os mais quentes
Afinal somos iguais, porém diferentes

Uns rumam pro trabalho    
Ruminar pra poder comprar a ração no mercado
Outros vão estudar, se aperfeiçoar
Na esperança de amanha ter mais pra gastar
Uns vão buscar, outros vão levar
E nessas sempre tem quem esquece alguma a coisa nesse lugar
É fácil quando o difícil é sair do celular...

Tem quem vai ao médico,
Cuidar da saúde, se tratar
E infelizmente tem quem vai pro hospital visitar
Um parente, um ente que ta mal, se pá, terminal
Mas tem também quem só vai passear
Uns vão pra roubar, é só você vacilar
E falar em vacilo tem quem da estação vai passar
Por cochilar fingindo pra não deixar a senhora sentar

E de estação em estação é mó entra e sai
É nessas horas que vejo que são Paulo tem gente pra carai
Entre eles os ambulantes se camuflando dos vigilantes
E dos olhares desconfiados
De cada viajante
E tem eu, observante
Que escrevi bastante
E tenho que descer
A minha viagem acaba por aqui
Estação são Joaquim
Mas o metro vai e volta, incessante
Assim como os sentimentos circulantes
Amor, tristeza, angústia
Em qual estação você está nesse instante?
Paraíso, saúde, liberdade?
A Guilhermina ainda tem esperança?
A Ana continua rosa ou perdeu para o cinza?
Nessa cidade ranzinza
O trem é você quem conduz
Seja pra consolação ou pra luz...

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