quarta-feira, 15 de julho de 2015

O Poste

Em cima a lampada queimada
Resultado da gambiarra
Da concessionária
Que cobra caro e oferece um serviço que não vale nada
Uma montueira de fio pendurado
É um dois pra morrer eletrocutado
Mesmo assim seu João não tem escolha e faz o gato
Tomar banho gelado nesse frio, nem fudendo
Agora o barraco tem luz, ta vendo?
Esperar pelo governo, bandeira vermelha, mó veneno...

No meio do poste, o cartaz:
'Compra-se ouro'
Não sei, já acho que é tiração demais
Quem hoje em dia na periferia
Acumula jóias, tesouro?
Parece mais uma hipnose,
Poste após poste
Enquanto o peão vai trabalhar
Penetra na mente, ta ligado?
'Compra-se ouro', 'compra-se ouro'
Pique aquele comercial de chocolate do passado
Aflorando a ganância dourada
De quem só consegue sobreviver catando lata

E no pé do poste, uma mochila
Restos de comida, garrafa de pinga
Um senhor a míngua
Sem ninguém, sem família
Dependendo da ajuda dos outros
Sem luz, sem ouro
Mas daquele poste é o dono
Nem cachorro mija ali se ele não deixar
E ai de quem o incomodar
Mandaram buscar a luz e ali ele está
Mesmo com o poste apagado
A luz um dia chegará
Praquele que entre tantos postes
Escolheu aquele como lar

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