quinta-feira, 21 de maio de 2015

Decepção de um Homo Sapiens

Homem da caverna sou
Me chamam de homo sapiens
Neste tempo onde estou
Tudo por aqui mudou
Os rios que traziam vida
Viraram avenida
As cavernas sumiram
Viraram arvores gigantes de concreto e vidro
O colorido da natureza se perdeu
Ficou tudo cinza e a caça desapareceu

Esse povo estranho diz que de mim descendeu
Mas eu desconheço essas caras limpas como filhos meus

Uns até se parecem comigo
Mas também devem estar perdidos
Barbudos e sem abrigo

Nesta selva de pedra sem caverna
Sem bicho pra caçar e comer
Sem agua pra se banhar e beber
Como assim evoluíram?
Se tudo que eu precisava
e sobrava,
destruíram?

Acho que eles também não me reconhecem
Olham pra mim e logo se percebe
O olhar a se desviar e a rua atravessar
Como se vergonha sentissem do que os antecede
O que acontece?
Porque esquecem?

Paro, vejo, observo ao redor
E acho que na minha época era melhor
Tudo funcionava no simples ciclo natural de vida
Dava trabalho, mas a caça compensava
Com suor e briga,
sustentava minha familia

Agora é mais fácil é verdade
Trocam seu tempo por um papel
E o papel por agua, carne, caverna e obesidade

Mas não sei não, algo me preocupa
Tao se matando a toa
E já não tem mais tanta agua boa
O papel perde seu valor
E seu tempo dado
É desperdiçado
E por doar mais, se sente dor
e logo é descartado

Se evoluíram, eu não sei...
Ainda vejo a roda e o fogo
Sendo essencial e fui eu que inventei
Mas uma coisa falo pra você,
Sapiens eles deixaram de ser
Tenho vergonha de ver
O que minha raça virou

Matei tanto bicho na paulada
Pra vocês evoluírem da forma errada
e matarem uns aos outros na bala
Que saudade eu tenho dos meus tempos de caverna
A vida era sofrida, dura
mas era mais bela, só aventura
viver tinha um porque: ser, sobreviver
e não morrer para ter

Havia sentido em tudo 
e em todos que habitava a Terra
Hoje já era
só pensam em lucro
É só decepção
Chamam de evolução
O caminho da extinção

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