terça-feira, 12 de maio de 2015

Rolê no Centro

Não tem jeito, tem coisa que é foda,
não tem como eu ir no centro
e não ficar atento
e ao redor é só revolta
é muito contraste, 
muita desigualdade
uns fazem arte, 
outros fazem maldade

tem quem prega a palavra do senhor
mas também tem quem na pedra alivia sua dor
uns descansam onde dá 
outros não se cansam e vão trabalhar
Uns correm atras do seus afazeres
outros de seus prazeres

E muitos ficam ali parados
apenas compondo o rico cenário
de um capitalismo desenfreado
fachada impecável, calçamento esburacado
chão ocupado por corpos abandonados, desalmados
que pela maioria já foram enterrados.















Tem uns barato que é foda,
não sei mais o que me incomoda
a situação em si, ou quem passa e nem nota
o que se passa a sua volta
olhando apenas para ponta do bico de sua bota
ou para a vitrine da loja
sem saber se pra onde vão, tem volta




Isso me gera revolta
daquelas que a minha alma não suporta
a foto, mostra, choca,
mas mesmo assim não se importam
classificam como arte aquilo que sufoca:
um irmão ali, sem teto, sem parede, sem porta
buscando refúgio, na bíblia que conforta
sabendo que sua alma e dignidade já se foram embora
restou apenas o corpo e a fé que ainda não foi morta



E com sua bíblia na mão
tudo que ainda lhe resta,
ouve ao lado o cuzão 
fazendo a oferta:
"Faça um empréstimo 
para fazer doação"
e enquanto isso, uns vem, outros vão,

Mas um permanecerá por ali
sem crédito na praça, 
fiel e incrédulo
esperando alcançar a graça
pedindo ao seu Deus, 
perdão aos irmãos seus
por serem cegos perante seu povo
e pelo mundo que se perdeu, de novo.

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