sábado, 23 de maio de 2015

Dia do abraço

Dia do abraço, do beijo, do sexo
E eu não vejo nexo
Nesse complexo
De ter que se lembrar
Ao menos um dia
Que somos amor, somos vida

Se há placa de abraço grátis na rua
É porque até o afeto já virou produto
Aproveite a oferta, ou apenas curta
Um gesto sem ternura
Que revela a solidão da carência que tortura
De quem acredita na mentira nua
De que o amor ainda perdura

Algo me parece errado
Se é necessário escolher uma data
Pro amor ser lembrado
Reflexo de quem não reflete
Que também virou produto
Assim como a roupa que veste

Beijos e abraços falsos
Tapinhas nas costas é negócio
Sexo só por fazer,
Porque na terra do ódio
Prazer é dinheiro na carteira ter

Então, sinceramente, peço desculpas
A verdade, eu sei que é dura
Mas hoje, somos todas putas
Se vendendo por dinheiro,
implícito que é pra não sentirmos tanta culpa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário