sexta-feira, 29 de maio de 2015

Desavenças

Desculpa ai doutor a revolta
É só o seu pesadelo batendo em sua porta
Ta assustado tiozão?
Se preocupa não!
É só o que você oferece vindo de volta

Olha ao seu redor
Menina estuprada no banheiro da escola
Menino vendendo pó
Pro filho do doutor cheirar
enquanto o mendigo vive de esmola
Que você finge não ver e se nega a dar
Com a desculpa de que se der ele vai pro bar gastar

Seu whisky 12 anos vale a pena comprar
Mas morador de rua nem um corote pode tomar?
'Se me pedir um lanche eu pago'
Então quero ver os dois comerem do mesmo prato...

No Morumbi o lixo é ensacado
E os muro alto
Na favela o lixo é espalhado pelos ratos
E é barraco com barraco

Morumbi, lugar de vento frio
Como o semblante
de cada morador
Que no game cresce dando tiro, matador

Na favela o vento ajudou
O pipa voou
e o moleque por um instante
não viu a dor
agora é voador

Um dos únicos momentos
Senhor de seus movimentos
Sente-se no controle, mesmo cortando os dedo
Sua ação, o futuro em suas mãos
Agora é ali, brincando sem medo
Ousado e com linha no latão
Vai atrás do grandão

Manda a busca na tristeza,
Faz a volta, pega linha e rabiola
Descarrega de amor
Dois toquinho, já era 'réééééélôôôôôôôô'
E a tristeza pairando no ar,
vá se embora
Desbica de cabeça sonhador
E vai buscar agora a alegria
De um menino vencedor
Com o sangue na linha que a batalha manchou

Pais rico é pais sem pobreza
Então me avisa quando isso for certeza
E quando na pátria educadora
Menor tiver com caneta e não de metralhadora

Acreditar num mundo sem diferença
Talvez ainda seja pura inocência
Mas enquanto houver essa desavença
Vou devolvendo o ódio em cada sentença
Nem que eu morra sem ver o fim dessa indecência....

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