terça-feira, 19 de maio de 2015

Periferia



Apresento a vocês, minoria
a maioria esquecida
A realidade daqueles que moram na periferia
Que se esforçam pra se virar da esmola da burguesia

A tv não mostra, 
só quando uma família chora
Deixando de fora
Do que nos bairros nobres tem de sobra

Educação, lazer, cultura e condição
Enquanto aqui, se joga bola arrancando a tampa do dedão
O estado só chega aqui com preconceito e arma na mão

Beco, viela, morro, ladeira
A rua cheia, rua estreita
Botecos lotados
Moleques bolados
Crianças brincam, empinam pipa
Vigiados pelos cara da esquina

Esquinas ocupadas, lombadas mal feitas
Anunciam que por aqui tem biqueira
Pronto pra vender 
O que a PM finge não vê
Só vem pra receber

Passa moto toda hora,
Só as nave loca cortando giro
molecada adora
Som estrala do carrão todo equipado
As novinha dança enquanto a carreira é esticada no capo do carro

Influencia desde cedo, o mais perto do luxo
Criança já nasce querendo ir pro fluxo
Na escola não tem aula
Mas pra avião, vaga não falta
Ausência dos pais que foi dar um trampo
A vida do moleque desce pelo barranco
E logo a brincadeira de bombinha 
é explodir banco 
e fugir da polícia

E a criançada, nesse ambiente
Ao lado o cântico da igreja crente
Do outro o funk indecente
Ostentação, contrasta com educação
E o que esperar então 
de uma pessoa ainda em formação
Crescendo tendo isso ao seu redor
Só se espera o pior
Plano de carreira 
é ser gerente da biqueira, 
Mais um barão do pó

Sonhos infantis se desfazendo pelo trafico
Enquanto o estado fica estático, 
O final sempre sera trágico
Guerra entre classes registrada pelas câmeras do circuito interno
Ibope pra quem veste terno
só de ver pm com arma na mão já fica ereto

O destino é incerto
Só precisa ter mais por perto
cultura, lazer, educação
Menos descaso, menos discriminação

Vila clara, buraco do sapo, caixa dágua
Jardim Miriam, joaniza, missionária
Bem diferente dos arredores do Jabaquara e marajoara
Outra realidade que muitos viram a cara

Mas sentem no medo 
Quando é escolhido a dedo
Se faz de indignado e surpreso
Por sentir no bolso ou com a vida
O preço do desprezo
De quem desde cedo
Cresceu com condição
E aprendeu a julgar sem razão
Que bandido bão 
É bandido morto
Só que aqui morre um, nasce outro
E lá quem rouba o povo
ganha seu voto de novo

É tudo uma questão de base
criança pobre não passa de fase
E rico já nasce com password
E se adianta no jogo da vida
e a culpa será sempre da periferia desconhecida
de gente boa, esforçada
honesta, engraçada
que mesmo na pobreza é solidária
reparte o que falta
para que ninguém fique sem nada

Povo alegre, gente humorada 
mais um contraste, gente que ama
com sua cara emburrada
de pessoa mal amada

Aqui é onde na madrugada
se levanta e se ouve "bom dia"
botando o papo em dia
esperando na fila
a lotação que nunca vem vazia

Prazer, periferia!

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