sexta-feira, 26 de junho de 2015

Coração em alerta

Enquanto rumo para o centro
No busão sacolejando e barulhento
Pelo vidro riscado que faz eu ver tremendo
Quantos estão no desespero
Jogados ao relento
Se eu estou com frio agora
E eles que estão a todo momento?
Ver essas coisas ainda me choca
A lágrima teima em sair da toca
Mas não, desta vez não, tio
Queria poder fazer mais por estes que sentem frio...

Mas faço o que posso
Nessa cidade de prédios luxuosos
Mas de pessoas em destroços
É foda aceitar, ver e se calar
Afinal, não devemos amar aos próximos?
Então é isso, não me conformo
Com madame de ouro e prata
Virando a cara
Pro muleque catando lata
É só desgraça
E a criançada só ganha atenção quando mata

Sensibilidade que me maltrata
Porque não fazer igual?
Assistir a isso tudo e não fazer nada?
Seguir o ritmo da boiada?
Não dá, a alma que não cala
E murmura, cutuca e arranha
Pra machucar, que é pra lembrar
Que a humanidade ta estranha
Então ela fala pelas mãos
O que entala na garganta.
Quem lê acha lindo,
Fala que é talento, dom...
Mas não entende o que eu digo
E continua tudo bom
"Porque você não escreve um livro?"
É o que mais ouço, é osso
A humanidade em perigo
E vocês pensando em livro?
Não é auto-ajuda, muito menos ficção
O que escrevo é alerta que vem do coração
Que ainda bate repleto de preocupação...

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