segunda-feira, 1 de junho de 2015

Cascas, caroços e sementes

O cheiro na mao da mexerica
A acidez do abacaxi
O caroço da melancia
A lambança do caqui

O fiapo da manga
Da cebola a choradeira
Do alho o hálito
O espinho da roseira

Da laranja o bagaço
Da pimenta o ardor
Do mar o enjôo da maré
Do sol o calor

Do fogo a queimadura
Do vento a tempestade
O azedo do limão
A altura do abacate

Nada vem de graça
Mas tudo é graça
A natureza ensina todo dia
E você disfarça

Prefere pagar mais caro
sem caroço e casca, de bandeja no mercado
Ignorando, reinventando e menosprezando
O que foi criado a milianos

Se esquecem que o sabor
Acompanha o amor
Que tanto nos falta e me causa dor
Afinal, o que é um arranhão de um espinho
Perto do perfume de uma rosa dada com carinho?

O prazer de se alimentar da vida
Assim como ela foi constituida
Saber usar habilidade que lhe foi adquirida
Pra descascar e saborear
Os prazeres que a natureza nos dá

A fruta que de tão mais madura que o humano,
Sabe a hora certa de ser humilde e cair,
Alimentando, se doando
Para que tudo a sua volta cresça
E que a vida não apodreça

Ela ensina todo dia para que não se esqueça
Mas você não pensa
Querendo sempre ser mais do que compensa
passa do tempo e apodrece
Seca, mucha e não percebe
Que a ganância fez
com que nem pra semente você preste.

A vida é escola,
Todo dia é prova,
E não adianta passar cola
Cada sabor compensa
o desafio que a vida nos coloca

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